terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Lições do amor.



João 21:15-19

Um dia desses tive a oportunidade de parar e refletir um pouco com um grupo de casais amigos.  Pedi a cada uma das pessoas ali que escolhessem uma  outra pessoa e escrevesse alguma coisa legal que gostaria de dizer a ela. Depois cada um revelou o que havia escrito. Logo depois coloquei para que ouvissem a música do Frejat chamada: “ eu não sei dizer te amo”. A conclusão disso é que descobrimos que sabemos dizer boas coisas aos outros mas temos enorme dificuldade em dizer “eu te amo”.Naquele dia ninguém escreveu isso pra alguém. Continuamos nossa reflexão em um texto que descreve o reencontro de Jesus com Pedro depois da ressurreição de Jesus. Pedro havia negado seu mestre, aquele a quem disse estar disposto a morrer com ele se preciso fosse. Agora Pedro é confrontado, indagado, questionado... cara  a cara com Jesus, sem rodeios, de forma direta e clara Jesus pergunta uma, duas, três vezes: “ Pedro, tu me amas?” Quantas vezes você já ouviu essa pergunta? Sim, alguém já te fez essa pergunta. Mas pense no mestre Jesus lhe perguntando: Fulano, você me ama? ... não  há como passar por esse episódio sem aprender algumas lições muito preciosas pra nossa vida e para nossa relação com Deus e com as pessoas.

1-Quem ama diz.
Eu penso que dizer eu te amo não é exatamente a prova de que ama mesmo, mas quem ama deve dizer. O ato de dizer eu te amo a alguém não é simplesmente uma declaração  verbal,  mas também é um compromisso de ser coerente com essa declaração. Pedro acabara de negar Jesus; dissera ás pessoas que não era um dos que andava com ele, que não era um dos seus amigos. Agora Jesus o chama para uma declaração de amor, para verbalizar seu amor. Diga Pedro, você me ama? Comprometa-se Pedro declarando seu amor agora. Quem ama diz! Não é a capacidade de dizer boas coisas sobre alguém que nos leva ao comprometimento de amor; é a declaração “eu te amo” feita conscientemente, por alguém disposto a aprender e amar de verdade seguindo o exemplo maior, o de Jesus, que entregou-se numa cruz por amor. É isso que faz toda diferença quando se diz eu te amo. Pouco antes dessa reflexão eu havia descoberto que dizer eu te amo pra Deus não era uma prática comum pra mim. Então comecei a dizer enquanto falava com Deus; Deus, eu te amo.  Sei que Deus ouve isso e gosta, enquanto eu me esforço pra ser coerente com minha declaração de amor a Ele na vida prática. Pare e pense; a quantos você diz eu te amo?  A quantos você precisa dizer? Você ama? E por que não diz? Também pensamos em uma outra lição nesse episódio.

 2- Quem ama submete seu amor a avaliações constantes e ao padrão de qualidade de Deus.
Imagine a cabeça de Pedro com essa pergunta tão impactante vinda de alguém a quem ele acabara de negar. Pedro, tu me amas? Uma vez ele respondeu: “Sim, eu te amo”, mas ela se  repetiu por mais duas vezes. Uma pergunta para cada negação. Não temos a exata noção de quanto tempo durou esse diálogo, entre pergunta e resposta, mas pra quem havia dito estar disposto a morrer pelo mestre e pouco tempo depois por três vezes o negou, essa pergunta o levaria a reavaliar completamente seu amor por ele. Nossas palavras podem ser declarações de amor, mas são as atitudes que geram certezas ou dúvidas e ás vezes produzem perguntas inquietantes como essa. “Pedro, tu me amas?” “Fulano, tu me amas” Talvez o melhor a fazer é perguntar a si mesmo, antes que alguém o faça. É a avaliação constante do nosso amor, tendo como padrão de qualidade o amor de Deus, que nos leva, se não a, pelo menos o mais próximo possível do amor esperado. O Padrão de qualidade de Deus para nosso amor é descrito nas palavras de Jesus em João 13:34  “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; “Assim como Eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros.” E também em 1 coríntios 13, e é demonstrado de forma absoluta na cruz do calvário.
Mas uma coisa deve ter ficado clara pra Pedro aquele dia. 

3- Quem ama não desiste.
Jesus havia sido abandonado e negado por quem o seguira por três anos e tinha feito declarações de que morreria com ele se preciso fosse. Pedro estava arrebentado, havia chorado amargamente, não conseguia libertar-se do trauma do canto do galo. Sua atitude ecoava na sua mente perturbada. Mas, Jesus que poderia tê-lo deixado sofrer as consequências de seu ato falho com a justificativa legítima de que Pedro não era confiável, faz exatamente ao contrário do que temos a tendência a fazer. Jesus o chama para uma conversa de amor. Vamos falar de amor Pedro. Vamos avaliar seu amor por mim e a possibilidade de você se comprometer a me amar de verdade daqui pra frente. Quem ama não desiste. Quem ama acredita sempre na possibilidade da restauração e na capacidade do outro em absorver as lições com os erros cometidos. Penso no amor de mãe quando ama verdadeiramente seu filho. Se ele está doente, ela está do lado, se ele erra, ainda que seja preso por isso, ela continua do seu lado e acreditando que será possível mudar. Me  emociono cada vez que ouço testemunhos de restaurações, de transformações, de gente que continua firme, ainda que lutando sempre contra as compulsões e as dependências químicas. Pedro fora reprovado no primeiro teste; perdera uma batalha, mas a guerra continuava. Era preciso lutar contra suas falhas de caráter, suas impulsões descontroladas e seu medo covarde de assumir cristianismo de verdade.  Jesus estava dizendo: não desista Pedro, eu não desisti de você. Pessoas que amamos podem nos decepcionar, frustrar todas as nossas expectativas, cometer erros inadmissíveis e absurdos, ainda assim, se Deus é capaz de perdoar e acreditar que é possível haver mudança, também nós precisamos acreditar nisso sem desistir. Mudar é sempre uma possibilidade e somente para os vivos. Então, enquanto houver vida é preciso acreditar que será possível mudar. Quem ama insiste, persiste e jamais desiste. Pedro, Pedro, Pedro... tu me amas? Tu me amas? Tu me amas?... Imagine quantas vezes mais essa pergunta ecoou na cabeça de Pedro, quantas vezes na vida ela retornou, em suas lutas contra as deficiências de sua humanidade e de seus impulsos tantas vezes ressurgentes. Mas Pedro guardava o significado de seu encontro com Jesus, na verdade o mais marcante, o maior de todos. Pedro, não desista; eu não desisti de você.        


4-Quem ama sacrifica-se e serve.
Além de perdoar, fazer com que Pedro verbalizasse seu amor, submetesse seu amor a uma reavaliação, entendesse que quem ama não desiste; agora também  Jesus faz Pedro comprometer-se a servir ainda que sacrificar-se fosse preciso. Pra muitos, amar é gostar de  estar perto, de estar  junto, é gostar da companhia e do que ela pode proporcionar. Foi o que aconteceu com Pedro. Era muito bom estar perto de Jesus, desfrutar de sua eloquência e sabedoria em ensinar; de sua capacidade em fazer coisas espetaculares, do status de ser um dos escolhidos dele para andar com ele. O grande problema foi a possibilidade de sofrer junto. Na hora do sofrimento, da parte ruim... opa, estou fora; essa parte eu não gosto, não quero. Jesus agora tinha seu exemplo para que Pedro soubesse o que e como era amar de verdade. Jesus mostrou na cruz que quem ama de verdade deve estar disposto a sacrificar-se. Amor não é apenas sentimento, é uma força propulsora de palavras e atos. Amor que não gera atitude, que não se propõe e se dispõe a sacrificar-se e servir, certamente precisa de reavaliação e submeter-se ao padrão de qualidade do amor de Deus declarado nos ensinamentos e demonstrado nas atitudes de Jesus que nem mesmo a morte de cruz se negou a enfrentar por amor.

5-Quem ama perdoa.
Uma das tarefas mais difíceis no relacionamento entre humanos é certamente perdoar. Foi o mesmo Pedro quem perguntou pra Jesus em Mt 18:21 se deveria mesmo perdoar sete vezes; ao que Jesus prontamente lhe respondeu: “não apenas sete mas setenta vezes sete.” E ele estava querendo ensinar que não há uma quantidade, um número exato de vezes que se deve perdoar, por que ninguém fará contas de quantas vezes perdoou até que complete quatrocentas e noventa vezes e depois disso não mais perdoa. Depois de perdoar umas
setenta vezes, perdoa-se sempre, que é exatamente o que Jesus espera que façamos. Perdoar é um esforço pessoal, um aprendizado, uma atitude habitual que se adquire praticando; mas acima de tudo perdoar não é uma opção ou uma escolha; é uma necessidade, um dever, um mandamento. Perdoar é um ato de amor mesmo que o perdão como ato de amor não elimine as consequências dos atos errados sobre quem perdoamos. Perdoar não é ser conivente com os erros de alguém, é uma consequência ou uma resposta ao arrependimento de quem errou, ou simplesmente um ato deliberado de liberar perdão a quem errou para que se necessário, esse alguém se arrependa e quem libera o perdão seja livre do peso de qualquer mágoa que possa carregar. Liberar perdão e perdoar não significa ter que viver perto, junto, ser amigo íntimo ou coisa parecida. Há que se respeitar o jeito de ser e viver e as diferenças de pensamentos e comportamentos que por vezes geram incompatibilidades que inviabilizam às vezes até a proximidade. Liberar perdão e perdoar é não carregar mágoas, rancores; é zerar toda e qualquer dívida. Mas somos biologicamente e psicologicamente diferentes e jamais agradaremos a todos ou teremos afinidade com todos para vivermos tão próximos e partilharmos tudo. Mesmo aqueles com os quais temos afinidade e liberdade para compartilharmos intimidades, ainda assim por vezes teremos conflitos e a necessidade de pedir perdão e perdoar. Pedro não fora perdoado naquele encontro, ele já havia sido perdoado bem antes, pois Jesus que o avisou da negação já estava disposto a perdoá-lo e já o tinha feito quando se encontrou com ele. Pedro havia chorado amargamente arrependido da besteira que fizera, e Jesus que havia liberado perdão e intercedido a Deus Pai que perdoasse aqueles que o mataram, não poderia ainda não ter perdoado Pedro. Portanto, perdoar e liberar perdão é um ato que envolve Deus e pessoas, mas antes de tudo é um ato pessoal, uma atitude individual. Não adianta dizer a alguém que o perdoou se você não fez isso de fato e de verdade interiormente. É um engano a quem se está declarando perdão, um possível engano a si mesmo, mas jamais será um engano para Deus que conhece exatamente as intenções do nosso coração. Liberar perdão e perdoar é um ato que pode preceder o encontro ainda que não o elimine, pois quando possível, é necessário que o encontro aconteça. Além disso, perdoar não é só um ato que se faz a outra pessoa, mas a si também. É preciso perdoar-se, sentir-se perdoado, se perdoado foi. Eu sei que Pedro, mesmo que tenha feito algo tão humanamente repugnante, a partir daquele encontro com Jesus ele sentiu-se livre do peso da culpa, da auto-culpa. Apenas a lembrança do que havia feito o acompanhava, mas agora ela estava acompanhada da certeza de que havia sido perdoado. A mulher adúltera apanhada em adultério que correu o risco de ser apedrejada recebera de Jesus as palavras mais libertadoras: “ nem eu tão pouco te condeno, vai e não peques mais.” Eu sei que ela foi embora flutuando, livre do peso da culpa e do pecado. Portanto, perdoar é também perdoar-se. Ainda mais; o perdão de Deus a nós está diretamente condicionado ao nosso perdão aos outros. “ Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai não vos perdoará as vossas ofensas.”  Mateus 6:15 Por maior que tenha sido o sofrimento pelo qual passamos; por maior que tenha sido a decepção a frustração e a dor, alimentar o ódio, a indiferença, a mágoa a raiva, ou seja qual for outro sentimento, acaba por nos fazer também culpados diante de Deus por não liberarmos perdão e não perdoar, mesmo a quem não merece. Aliás, o perdão elimina o merecimento. Não fomos e não somos perdoados por merecimento, e sim por graça, que é “favor imerecido”. Assim sendo, não podemos esperar que alguém mereça ser perdoado para que façamos isso.
A ciência já admitiu que perdoar faz bem a saúde, cura. Isso já estava na Bíblia há muito tempo. “Confessai, portanto, os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros, para serdes curados. ” Tiago 5:16 Então perdoe, você não tem outra opção. 


Conviver com as falhas de caráter, suportar os tropeços e esperar pelo crescimento ainda que demore, não é tarefa fácil e só é possível por amor. Só com amor a gente é capaz de acreditar na possibilidade de mudança; só “o amor une os opostos, funde os extremos” e transforma inimigos em amigos e irmãos de fato e de verdade. Só o amor muda as intenções e transforma atitudes. Só o amor de verdade transforma covardes e medrosos em servos dispostos a doar-se e servir até á morte. Foi o amor de Jesus que constrangeu a Pedro e o transformou em servo e um dos homens mais importantes na história da igreja.
Portanto, ame e diga ainda que sofra; sirva, ainda que sacrificar-se seja preciso; perdoe, ainda que doa muito; não desista se Deus não desistir, e mantenha seu amor sob avaliação constante tendo como padrão de qualidade o amor de Deus.
wanderley tf - Fortaleza-CE 27/12/11
 

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A PROTEÇÃO DE DEUS.


Anos atrás, talvez na minha adolescência ainda, em um acampamento da igreja que eu estava, participei de uma brincadeira; um tipo de competição individual. Espalharam alguns ovos no chão e me disseram que eu deveria passar por entre os ovos, de olhos vendados guiado por outra pessoa. A tarefa era fazer todo o percurso sem pisar em nenhum ovo. Vendaram meus olhos, deram-me uma rodada e quando me soltaram fui guiado por alguém que me direcionava o tempo todo. Quando cheguei no fim do percurso, que me tiraram a venda, vibrei muito por que os ovos estavam todos intactos. Tempos depois eu descobri que eles retiravam os ovos e depois os colocavam de volta pra que a pessoa pensasse ter conseguido. De verdade eu não corri risco nenhum de pisar em algum ovo no caminho. É claro que fiquei um pouco frustrado, mas anos depois esse fato me veio à mente enquanto pensava no cuidado de Deus por nós e especialmente por mim, com uma vida cheia de acontecimentos e fatos tão marcantes. Penso em quantas vezes Deus nos protege e nem ficamos sabendo, nem suspeitamos. Quantas vezes ele permite pequenas coisas para nos proteger de outras muito maiores e piores. Quantas vezes achamos que fomos nós que conseguimos livramento quando foi Deus quem cuidou dos mínimos detalhes e nós nem percebemos. Se Deus nos permitisse ver pelo menos parte de nossa vida e quantas vezes interveio com sua proteção cuidadosa, ainda que invisível e nem sempre perceptível pra nós, mas muito presente em cada detalhe, certamente nos faltariam as palavras. Por mais que tentemos, por maior que seja o esforço em busca de ver, enxergar ou entender, é certo que jamais teremos a exata dimensão da proteção de Deus sobre nós. Jamais seremos capazes de ver sempre o que acontece em volta de nós para que algumas coisas ruins não aconteçam. Cabe a nós apenas manter a gratidão sempre ainda que nem sempre ou muitas vezes não consigamos entender ou perceber a proteção de Deus. Certeza mesmo é o fato de que Deus jamais falha e está sempre presente, cuidando, guiando protegendo ou simplesmente permitindo; nós é que muitas vezes nos mantemos de olhos vendados, não vemos direito por onde vamos e nem sempre temos a sensibilidade de perceber o quanto somos protegidos o tempo todo de uma forma que não há como entender, explicar, descrever ou mensurar...
Wanderley tf 
 Fortaleza- 29/11/11

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Metade, ou pedaços de mim?

Metade, ou pedaços de mim?
Que me perdoem os poetas que falam em metade de mim, mas tenho dúvida se me divido apenas em dois. Na verdade nem lembro mais quando estive inteiro. Acho que sou pedaços, juntos ou espalhados por aí. Deixo pedaços de mim, trago pedaços de alguém, e se só me divido em dois, no mínimo a metade são de pedaços que estão por perto e a outra metade, também aos pedaços, espalhados por ai, em pessoas e lugares mais distantes. Mas se me divido aos pedaços, como posso me dar por inteiro a alguém? Na verdade fazemos de conta, poetizamos isso, mas dar-se por inteiro não é possível; damos um bocado, e às vezes muito. ...Por isso em alguns lugares e com certas pessoas parece estar grande parte de nós. Mas sempre guardamos algo, reservamos um pouco, pra nós mesmos; algumas partes que são muito pessoais, que às vezes não estamos dispostos a expor, compartilhar. O que não dizemos, o que não mostramos e não revelamos, são pedaços de nós que até conhecemos alguns e outros ainda não. Na verdade só somos um todo pra Deus, por que ele nos criou e conhece cada partícula de nós, absolutamente tudo. Nos conhece e nos vê inteiros, aos pedaços, de qualquer modo e forma.  
wanderleytf@gmail.com

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

PREFIRO...


1-Prefiro as frustrações que a falta de sonhos.

Sonhar é preciso! Viver sem sonhos é viver a mesmice da rotina dos acontecimentos e fatos de todo dia. É viver à mercê dos sonhos de alguém. Quem sonha está sujeito a frustrações sim, já que nem todos os sonhos se realizam; ainda assim, melhor é arriscar-se às frustrações que viver a monotonia de uma vida sem sonhos. Fato é que só realizam sonhos quem os tem. Sonhos são idéias, planos, projetos e desejos do coração. Sonhos são perspectivas pro futuro, expectativas para os dias e possibilidades para a vida.

3-Prefiro a verdade que liberta ainda que doa, que as agradáveis mentiras que mantém a escravidão.

Preferir as mentiras, ainda que agradáveis, é manter-se escravo e a vida sob uma farsa. Quem vive mentindo, vive enganado, enganando e enganando-se. A verdade ás vezes machuca, fere e dói, mas cura, liberta, livra das ilusões e nos traz para a vida real. Sonhar é preciso, mas viver na ilusão de uma vida que não é real é perder tempo e movimentar-se sem sair do lugar.  

10-Prefiro ser uma metamorfose ambulante do que ser um orgulhoso e não mudar de opinião; ainda que mantenha conceitos e princípios baseados numa fé que não abro mão.

Eu sou uma metamorfose ambulante mesmo, por que sou um aprendiz da vida e na vida e não quero ser um orgulhoso e fundamentalista naquilo que posso mudar, se for pra melhor. Apenas mantenho a minha fé inegociável, conceitos, princípios e valores submissos às verdades que fundamentam minha fé.


11-Prefiro viver lembrando e morrer de saudade do que perder a memória e viver esquecido.

Pessoas, momentos, fatos, trajetórias, lugares... coisas da vida, arquivadas na memória; fotografias ou filmes acumulados e mantidos pra rever a cada saudade que sentir. Pedaços da vida que viveríamos outras vezes se possível fosse. Lembrar, sentir saudade e sofrer com isso, é inevitável, ainda assim, melhor é tudo isso que perder a memória e nada lembrar; porque uma vida sem lembranças, sem saudades... não tem história e nem graça.    



15-Prefiro sofrer a dor que ter de machucar, e lamento o fato de nem sempre poder evitar.

Se pudesse sofreria a dor de quem ás vezes mesmo sem querer, machuco. Infelizmente, nem sempre posso evitar a dor, mas é fato que sofro também. Machucar e ferir é inevitável; ás vezes involuntariamente, ás vezes de propósito, já que muitas vezes pra curar tem que ferir; ainda assim, me consola o fato de que a dor é sempre compartilhada. Quem é ferido sofre, e quem fere, ainda que seja pra curar, acaba sofrendo também.



16-Prefiro os riscos e a emoção de novos desafios que a rotina da mesmice e a monotonia de uma vida inerte.

A vida é uma viagem que se faz de todo jeito. Caminhos, ritmos, trajetos e jeito de ir, cada um tem os seus. Alguns seguem por águas tranquilas e de calmaria, enquanto outros navegam em turbulentas corredeiras. A grande diferença é que alguns se arriscam mais e outros se conformam com a mesmice, a rotina monótona, escondem-se dos desafios e mantém-se numa vida inerte onde apenas o tempo passa. Desafios são arriscados, mas manter-se na rotina da mesmice, na monotonia de uma vida inerte é abrir mão do progresso, da possibilidade de grandes conquistas e de uma vida emocionante.



14-Prefiro um amor pra sempre que uma paixão fugaz.
Uma paixão fugaz é arrebatadora, mexe com as estruturas de qualquer um. Provoca e produz sentimentos e sensações as mais diversas, quase indescritíveis. A paixão é uma labareda ás vezes enorme que não se mantém por muito tempo. Quase sempre é mantida por promessas vazias, fantasias absurdas, ilusões, atração física e interesses pessoais. A paixão costuma ser frágil na mesma proporção de sua intensidade. Não resiste ao tempo, não adapta-se em circunstâncias adversas e como labareda que não tem mais o que consumir, apaga-se.
O amor é uma chama constante, ás vezes intensa, ás vezes não. O amor é uma chama que mesmo em meio às tempestades ainda queima. Essa chama que arde e aquece o coração e a alma dos amantes, ultrapassa a barreira do eu e se propaga na vida de outros, provocando impactos profundos, mudanças radicais, transformações, restaurações e curas. Ninguém está livre de apaixonar-se, mas alimentar e nutrir um amor pra vida inteira não se compara com a ilusão de uma paixão fugaz.

5-Prefiro buscar e esperar pela providência do Divino que pedir ou aceitar ajuda do inimigo de Deus.

Há situações em que às vezes nem precisamos pedir, logo surgem ajudas atraentes demais para resolver nossos problemas. Somos atraídos o tempo todo para desvios, atalhos, caminhos que nos levam mais rápido e mais fácil a ótimos lugares ou momentos. Somos tão induzidos e seduzidos ás vezes, que se não estivermos firmes no propósito de esperar pela providência do Divino sempre, corremos sérios riscos de cedermos. Além de alguns que já vivem controlados e á mercê de tais ajudas, também nós nos tornamos advogados de nós mesmos e começamos a racionalizar e procurar justificativas numa tentativa de legitimar atitudes que ao contrário do que pensamos, não nos trará bem algum. Então, melhor é buscar e esperar pela providência Divina, ainda que demore, ou mesmo que não venha, ainda assim será melhor.


4-Prefiro a “loucura do evangelho que a sabedoria do mundo” que o rejeita e nega.
Paulo, o apóstolo, disse que “a mensagem do evangelho é loucura.” Realmente, parece não ser tão simples acreditar em uma coisa tão simples. Talvez seja simples demais pra muita gente acreditar e aceitar. Um Deus que ama incondicionalmente, perdoa e salva pela graça ou de graça, parece mesmo loucura. Diante das mudanças tão profundas pelas quais passa o mundo, as idéias do Evangelho, Palavra de Deus, Bíblia Sagrada, parecem mesmo loucura. A idéia de pecado, fidelidade, virgindade, honestidade... são conceitos inconcebíveis para o mundo moderno. Ainda assim, prefiro essa loucura que a sabedoria de um mundo que a rejeita, nega, mas que certamente sofrerá  consequências de dimensões incalculáveis por isso.

7-Prefiro a liberdade controlada por uma consciência submissa a Deus que o descontrole de uma liberdade sem Ele.
“A liberdade controlada por uma consciência submissa a Deus” é meio paradoxal; mas dizer isso é apenas dizer que essa liberdade é poder não fazer aquilo que não deve. Uma liberdade sem Deus é mesmo descontrolada e quem a usa está sujeito a seguir pelos caminhos dos desejos e impulsos humanos do coração e da carne.  Submeter a nossa liberdade a uma consciência submissa a Deus é submeter- se a quem tem e sabe o que é melhor pra nós e nos mantém livres pra desfrutarmos disso.  
É estar submisso ao tempo, modo e forma do que e do quanto Ele tem pra nós.


6-Prefiro morrer lutando que viver na covardia.

Acovardar-se é abrir mão da vida; pois que vida há para quem vive na covardia? É mesmo melhor morrer lutando, sem desistir, com perseverança e garra do que viver na covardia, na tentativa de fugir dos problemas sem encará-los de fato em busca de soluções, ainda que difíceis e sofridas.  


12-Prefiro amar, ainda que sofra, que viver a insignificância de uma vida sem amor.

É verdade que quem ama sofre, mas não amar com medo de sofrer é sofrer ainda mais. Viver sem amar, ainda que seja possível, é manter a experiência de uma vida vazia e insignificante, onde a solidão é a companhia mais constante. Amar é preciso, necessário, vital, imprescindível. Amar e sofrer é inevitável, no entanto, os benefícios que o ato produz superam tudo.

18-Prefiro pensar nas perspectivas de futuro que gastar o tempo lamentando erros do passado.

Todas as alterações da vida só podem ser feitas a partir do presente com uma visão no futuro. O passado jamais mudará. Vivemos o hoje, o aqui e agora mas, alimentamos perspectivas de futuro e não temos o direito de gastar o tempo lamentando erros do passado, podemos apenas tirar lições dos fatos para que os equívocos não se repitam. 



8-Prefiro morrer honesto que viver como ladrão.

Morrer não quero, no entanto, inevitável é. De uma coisa eu sei bem; enquanto viver, quero manter minha honestidade inegociável. Ser honesto comigo mesmo, com os outros e com Deus, diante de quem somos todos transparentes.



9-Prefiro não ter cabelo que não ter juízo; mas concordo que é melhor ter os dois.

Diante da importância e relevância em se ter juízo, ter cabelo ou não torna-se apenas um mero detalhe. Mas é bem verdade que ter os dois é muito melhor, ainda assim, temos de aceitar o fato de que nossa opção é; quando muito optar apenas pelo juízo, porque ter ou não cabelo quase sempre não é opcional.


13-Prefiro um bom abraço que três beijinhos no ar...

Eu respeito a quem se dá por satisfeito com um cumprimento de um, dois ou três beijinhos no ar... No ar sim, porque quando muito, os rostos se tocam, mas o beijo é mesmo no ar. Respeito e até entendo que em muitos casos é mesmo mais viável cumprimentar assim, no entanto, acredito que um bom abraço diz muito mais coisas, traduz e transmite muito mais sentimentos; além disso, faz um bem que não podemos calcular   

17-Prefiro a seriedade e ás vezes até as lágrimas do aprendizado certo que os risos vazios de quem desperdiça o tempo e a vida.

Aprender com a vida e na vida é um processo contínuo em que muitos se submetem e outros simplesmente desperdiçam. Em muitos momentos, circunstâncias e desafios, temos oportunidades de aprender algumas coisas; e não poucas vezes as lágrimas e a dor fazem parte do processo. Quem não se dispõe a aprender em cada circunstância da vida, um dia sofrerá as consequências de seu desinteresse e descobrirá, não sem dor; que desperdiçou o tempo e a vida. 



19-Prefiro a disposição de retroceder e recomeçar que a persistência de continuar indo, a talvez, lugar nenhum.

Muitas vezes na vida é preciso parar, voltar atrás e ás vezes recomeçar para simplesmente ir e chegar. Não é apenas o movimento que define ou determina deslocamento, é a direção certa e o jeito como se vai.  


20-Prefiro sonhar acordado que dormir de olhos abertos e não ver o tempo e a vida passar.

Como diz uma antiga canção: “ ...então é natal..., o ano termina e começa outra vez.” O tempo passa e a vida também. Há muitos sonhando acordados, desejando, esperando e lutando por dias melhores. Mas também há muitos que dormem de olhos abertos e não se dão conta de que a vida é breve e o tempo não perdoa a displicência de quem se recusa a acordar e sonhar. 



2-Prefiro a dor de um dia perder que o vazio de nunca ter tido.
Há perdas tão dolorosas que parecem o arrancar do nosso coração a sangue frio. Perdas irreparáveis, dores incalculáveis. O momento, o fato, a dor, a perda... quase sempre nos tiram a capacidade de pensar no quanto foi bom enquanto tínhamos, e que o prazer e o privilégio de ter tido é sempre maior que o vazio que a perda produz, mesmo que quando ela aconteça pareça superar.  Por que ter é conviver com a possibilidade de um dia perder, mas perder é a certeza do privilégio de um dia ter tido.
Inacreditável, inexplicável, incompreensível, incrível, impressionante coração, que por vezes possui buracos tão enormes, tão longos, largos e profundos que ele mesmo esconde-se neles produzindo muitas vezes a sensação que sumira e no seu lugar agora existe uma enorme cratera. Apenas Deus tem poder suficiente e é grande o bastante para preencher buracos assim, ainda assim, algumas vezes isso só acontecerá completamente na eternidade.   wanderleytf@gmail.com  22/10/11

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

REENCONTRO


Sob o sol de primavera,
sobre o chão de minha terra,
no dia que começa
ou na noite que se encerra;
espalho sementes, colho frutos, flores...
sinto amor, tenho saudades, sofro dores.

Apego-me a existência,
não me entrego à ilusão,
mantenho a esperança;
...um dia o reencontro,
...um abraço,
a morte da saudade,
alívio ao coração.
Wanderley tf 20/09/11
wanderleytf@gmail.com