quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Medo... de quê, pra quê, por quê, quando...(?)


Medo... de quê, pra quê, por quê, quando...(?)
Quando pude exercer a paternidade pela primeira vez, não sabia de muita coisa e por isso sei que devo ter cometido alguns erros. Deus me deu uma linda menininha que desde o hospital já diziam que tinha apenas pai, por ser muito parecida comigo. Não vou falar das partes difíceis que passamos, porque não vem ao caso aqui; queria falar apenas um pouco de como me divertia com minha filha. Jogava-a pra cima numa boa altura e depois a segurava de volta; colocava-a de pé sobre a palma de minha mão; balançava-a numa rede até alturas que qualquer normal se assustaria. Ainda levava-a para dentro do mar até onde eu pudesse segurá-la em segurança... e talvez outras coisas que não lembro agora. O que isso tem a ver com medo, é o fato de ela jamais ter sentido medo algum. Pelo contrário, parecia divertir-se muito. Depois de um tempo descobri que estava correndo sério risco de tornar minha filha hiperativa. Mas uma das coisas que pensei primeiro, antes de qualquer coisa foi o fato de estar criando uma criança sem medo. Por tudo que fazia com ela, parece que nada a amedrontava. Balançar, pular, inseto, bicho... ela tinha muita coragem pra tudo. Aí pensei; ela precisa de um pouco de medo para protegê-la. Então comecei um processo um pouco inverso de minhas atitudes até então. Hoje as coisas já estão mais equilibradas, e quando vamos à praia ela já não quer ir comigo mar a dentro... deve não ficar muito animada ao ver o pai nadar até muito distante da margem...
O medo é uma realidade na vida humana. Sentir medo pode ser absolutamente normal, dependendo do quê e por quê. Ser dominado pelo medo, paralisado por ele, no mínimo é algo que precisa ser analisado com criterioso cuidado. É claro que o medo está associado á causa, por isso não é fácil falar dele sem falar da causa. Há muitas coisas que produzem medo... Alguns medos podemos superar; outros talvez não. Alguns são inúteis e só servem pra nos fazer mal; outros são úteis e nos protegem de corrermos riscos que não valem a pena. Então, se pensarmos em medo de quê; poderíamos fazer uma lista enorme de medos que nos acompanham, mesmo que nem sempre a gente se dê conta disso. Eu poderia citar alguns dos mais comuns que atingem muitos de nós; como por exemplo: medo de errar; medo de se decepcionar, medo da frustração; medo de revelar os medos, medo de parecer fraco, medo de não ser entendido, de não ser aceito, de ser traído; medo de desagradar ou machucar alguém com palavras ou mesmo atitudes; medo que aconteça outra vez algo que o fez sofrer no passado e não conseguiu jamais superar. Medo que pessoas do presente façam o que algumas no passado fizeram... Medo da solidão, medo da escuridão, medo da falta ou da paixão. Medo de sofrer, medo de fazer sofrer, medo de morrer...
Medo de errar às vezes é necessário; não para nos deixar inertes, mas para fazermos com maior atenção o que precisa ser feito. Mas, às vezes precisamos ousar e fazer tentativas sem medo de errar e sem se importar com os erros se eles acontecerem, desde que a causa justifique os riscos de acontecerem erros. Um ótimo exemplo disso é o do inventor da lâmpada, que fez uma quantidade enorme de tentativas que não deram certo até descobrir a formula correta e finalmente inventar a lâmpada. As decepções irão acontecer mesmo, e não podemos nos fechar para as tentativas que poderão dar certo por medo de decepções. Decepções são fatos, acontecimentos que precisamos resolver e deixá-los lá no passado, para servirem apenas como aprendizado, não como fardos pesados para carregarmos no presente. Geralmente as decepções estão juntas com frustrações, ou no mínimo estão no mesmo nível; e geralmente também, são alimentadas e nutridas por quem muitas vezes insiste em não resolver de uma vez. Decepções e frustrações são proporcionais às expectativas criadas. Geralmente quem sofreu decepções e frustrações tende a desenvolver uma sensibilidade maior que o normal e tenta se proteger de muitos que estão próximos, por não conseguir estabelecer uma diferença entre as pessoas do presente e seus problemas do passado provocados ou produzidos por outras pessoas. Desenvolver relacionamentos saudáveis é necessário; mas colocar expectativas enormes em pessoas sujeitas a errar, é um risco grande. Ainda assim, algumas vezes é impossível não corrermos esse risco. O medo de revelar os medos, muitas vezes está junto do medo de parecer fraco... Medo que alguém veja o quão frágil somos. Muitas vezes, aquilo que escondemos, ou tentamos esconder acabamos revelando de uma forma pior que se tivéssemos a coragem de abrir o jogo e mostrar quem somos para podermos tratar. Medo de não ser entendido, não ser aceito, ser traído, desagradar ou machucar alguém... é um risco que jamais iremos nos livrar dele. Aliás, Jesus, o homem mais perfeito que já existiu nessa terra, passou por tudo isso. Não foi entendido por muitos, nem aceito por todos e suas verdades desagradaram e até machucaram alguns; e por fim, foi traído também. É possível que algumas pessoas repitam atitudes que outras tiveram no passado, no entanto é preciso muito cuidado para não colocar pessoas do presente e do passado no mesmo nível, impondo-lhes uma sentença de uma culpa que não existe. Muitas coisas relacionadas a decepções, frustrações; envolvendo terceiros ou mesmo que sejam apenas pessoais, precisam ser resolvidas. É preciso haver perdão. É preciso perdoar, e absolver os culpados; seja alguém ou nós mesmos. Permitir que acontecimentos do passado limitem nossos relacionamentos no presente ou prejudiquem qualquer área de nossa vida, é carregar um peso inútil; é querer navegar com o barco amarrado ao cais. Enfim, os medos são muitos, e atingem uma quantidade enorme de pessoas. Nem vou entrar na lista dos medos patológicos, pois muitos deles requerem tratamento intenso e constante de profissionais capacitados.
Quando pensamos em medo pra quê; a primeira coisa que me vem à mente é uma frase que li a algum tempo atrás, que dizia: “O medo serve pra alguma coisa, a covardia não.” Medo não serve para muita coisa, mas serve para alguma coisa mesmo; e é apenas para algumas vezes nos proteger quando os riscos não justificam a ação; fora isso, ele quase sempre precisa ser superado.
Medo porquê? Por que medo é parte inerente á vida humana; veio no pacote, faz parte de nós. Cabe a nós analisarmos cada medo que sentimos e definirmos com criterioso cuidado quais possuem razão de ser; e aí, muitas vezes precisamos controlá-lo, superá-lo ou nos render a ele se os riscos não valerem a pena.
Medo quando? Qualquer dia, qualquer hora, algumas vezes...
Medos são cercas que nos protegem de algo ruim que poderá nos acontecer, ou podem ser muros enormes que nos impedem de enxergar pontes que podem nos levar a lugares, acontecimentos e fatos, muitas vezes, muito importantes pra nós.
Por fim, não poderia deixar de olhar um pouco para a Palavra de Deus e retirar algumas lições dela sobre o assunto.
Em Gênesis 3:10, depois de haver pecado, o homem ouviu a voz de Deus e se escondeu com medo. Em Números 13-14 o povo de Israel teve medo dos gigantes de da terra prometida e não quiseram enfrentá-los. Mateus 14:22-30 diz que Pedro foi andar sobre as águas com Jesus, mas olhou para as ondas e teve medo. Enfim, pode ser que a gente sinta medo, então o que a gente precisa é ter Deus com a gente sempre, caminhar com Ele, depender, confiar e enfrentar os desafios, confiados não em nós mesmos, mas em quem tem todo o poder e jamais nos deixa só. Os capítulos 13 e 14 de Números revelam uma multidão de medrosos, mas também revela dois homens (Josué e Calebe) que são exemplos de coragem e confiança no Deus que serviam. Que sejam nossos exemplos, e que nossos medos sejam apenas para nos proteger e jamais para nos controlar e nos impedir de fazer aquilo que precisamos fazer.
Wanderley tome de Freitas – servo do Deus vivo e vosso! Fortaleza-CE 26/01/09