quinta-feira, 15 de março de 2012

Mecanismos humanos.

“Então, Pedro saindo dali, chorou amargamente.”
Lucas 22:62

Ser humano, máquina complexa, mistura bem feita, eterno mistério. Quem será capaz de descrever o ser humano com perfeição? Quem se arriscará a descobrir seus segredos todos? Quem poderá desvendar os seus mistérios? Quem conseguirá prever suas ações com precisão? É claro que todas essas perguntas possuem a mesma resposta; ser humano nenhum! O único capaz de fazer tudo isso é quem o criou, Deus. Somos um conjunto de coisas, formados de corpo e alma; seres racionais com sensibilidade e capacidade de pensar e fazer. Somos equipados de mecanismos com funções muito bem definidas. Esses mecanismos são disparados por acontecimentos, fatos ou simplesmente como respostas a estímulos. Eles são tantos que certamente muitos ainda são mistério. Hoje quero falar de um que é chamado de mecanismo de compensação psicológica. Muito provavelmente, ele já foi disparado em você algumas vezes, mesmo que você nem o tenha percebido ou definido assim. Talvez você já o presenciou  sendo disparado em alguém de forma muito automática. O que chamo de mecanismo de compensação psicológica é a reação natural, mas nem sempre correta que temos de tentar compensar um erro cometido, ou vários, ou falhas de caráter. É uma reação automática e às vezes imperceptível por quem a tem. Não sei se você já teve a oportunidade de ver alguém sendo multado por velocidade, por um radar móvel ou fixo. Eu já tive algumas. Automaticamente ele diminui a velocidade, numa tentativa de tentar compensar o fato, mesmo que lá no fundo saiba que não resolve. Ou alguém que tem atitudes de misericórdia com alguém numa tentativa de aplacar as suas próprias culpas; ou alguém que de alguma forma começa a agir de maneira diferente e fazer coisas dentro de um comportamento não muito natural; compensação psicológica. Pedro que havia chorado amargamente estava muito decepcionado consigo mesmo, frustrado por não ter tido a coragem que dissera que teria. Depois de ter negado Jesus por três vezes, o galo cantou a terceira vez; quando Jesus olhou pra ele, então lembrou-se das palavras do mestre (Lucas 22:61.) Pela besteira que fizera, saiu dali e chorou amargamente. No episódio do encontro de Pedro com Jesus, narrado em João 21, Pedro aparece pescando; precisava fazer alguma coisa. Aí,Jesus apareceu na praia. Quando João disse que era Jesus que estava na praia, Pedro pulou do barco e foi ao encontro dele. Jesus pediu uns peixes. Pedro volta para o barco e arrasta sozinho para a praia a rede com 153 grandes peixes. (V.11) Isso é mecanismo de compensação psicológica. O problema é que a maioria, se não todas essas reações são tentativas frustradas de resolver problemas com a consciência. Não são as lágrimas e nem atitudes e gestos de bondade e misericórdia, às vezes até indevidos; ou mesmo sair fazendo muitas coisas, que nos libertará da culpa ou do caminho errado que tomamos, e sim a verdade dita e ouvida de forma muito clara e assumida com muita humildade. Jesus que sabia muito bem disso, com certeza viu isso nas atitudes de Pedro. Logo chamou Pedro pra dizer a ele o que deveria fazer. A história do resto da vida de Pedro mostra que ele aprendera a lição.

Compensação psicológica é pra quem não quer se arrepender de fato e nem sempre quer parar de fazer o que faz. Arrependimento é pra quem quer mudar de atitude e mais do que fazer pra compensar, quer fazer o que deve e o que é certo.

A verdade liberta, as lágrimas não.

Por isso, acredite em quem for capaz de ouvir a verdade e aceitá-la como meio de libertação, e duvide de quem apenas chora. O choro pode ser uma manifestação de arrependimento, mas são as atitudes que mostram de verdade se ele realmente aconteceu. 

wanderley t f 15/03/12