terça-feira, 6 de outubro de 2009

PIB ou FIB?

PIB ou FIB?
Alguns dias atrás assisti um pequeno pedaço da entrevista de um homem, que não sei qual era a sua especialidade, mas gostei muito do que ele falou; pelo menos do pouco que ouvi. Ele falava exatamente desses dois assuntos: “PIB e FIB” Seus comentários sobre esses assuntos fazem muito sentido pra mim, por isso resolvi continuar a reflexão e escrever um pouco sobre isso, na esperança de compartilhar com quem não teve a oportunidade de assistir a entrevista, e refletir um pouco mais com quem assistiu.
Bom, pra quem sabe e pra quem não sabe, PIB quer dizer: Produto interno bruto. É a soma de tudo aquilo que o país produz. Suas riquezas produzidas e acumuladas, medidas e calculadas durante um determinado período. FIB, não é uma sigla comumente usada como PIB; é talvez a invenção de alguém; que pode até ter sido do próprio entrevistado, não sei. FIB, no conceito do entrevistado, quer dizer: Felicidade Interna Bruta. Agora, o que é isso, é mais complicado definir, pois de alguma forma isso está ligado ao PIB, e não dá pra falar de um sem falar do outro, ou pelo menos não deveria poder. Deveria ser impossível pensar no PIB, sem pensar no FIB. Pois o que não dá pra fugir é da grande verdade e realidade em nossos dias, de que a grande luta por um PIB cada vez maior, tem tornado o FIB cada vez menor. Enquanto o país cresce, aumentam suas riquezas, seu patrimônio acumulado, seus tesouros arrecadados, sua produção, sejam lá do que for; as cidades crescem, a população aumenta, como também aumenta a aglomeração nas grandes metrópoles de gente, carros e problemas sem fim. Cresce a violência, a pobreza se espalha, as condições de vida precária viram realidade pra um número cada vez maior de pessoas. Os desequilíbrios da natureza tornam-se cada vez mais visíveis e causam catástrofes cada vez maiores, atingindo um número de gente cada vez maior, já que eles estão espalhados por aí em grande número, e muitas vezes em condições subumanas de sobrevivência. É meio incoerente pensar no aumento do PIB quando e se isso afeta negativamente o FIB. Penso que é claro e evidente que quanto mais o país cresce, e crescem suas cidades, e aumenta sua população, mais complicado fica o trânsito, que deixa a muitos, por horas, presos em engarrafamentos enormes; transportes públicos lotados, filas enormes para qualquer atendimento, uma vida competitiva absurda por empregos, escolas precárias, instituições de saúde abarrotadas de pessoas carentes e doentes, presídios superlotados são uma escola do e para o crime, corrupção incontrolável em todas as áreas proporciona privilégios para uns em detrimento de muitos... a poluição do ar, a poluição sonora, as doenças se disseminam muito rapidamente, a comunicação é fácil e rápida, mas é cada vez mais superficial, formal, mecânica e fria. As pessoas sofrem cada vez mais de solidão e depressão. Os desmatamentos incontroláveis ameaçam desertificar regiões enormes e tão importantes para o equilíbrio do planeta, a poluição dos rios, o lixo jogado de qualquer jeito e em qualquer lugar, polui e ameaça a própria humanidade. Tudo isso acaba por tornar o FIB muito pequeno. Eu diria que possivelmente, muitas vezes poderíamos mudar a sigla para BIF: Bruta Infelicidade Feliz... Isso soa estranho, mas o mundo parece caminhar pra isso sem se importar. É como se lutassem por isso, e saboreassem suas conquistas, e vivessem sempre o contraste de evoluir e se destruir ao mesmo tempo. Enquanto o PIB for mais importante que o FIB, chegará um dia em que ele arruinará a vida de nações inteiras por isso.
Estamos falando de países, mas essa reflexão pode muito bem servir para cada um, individualmente. É claro que essas siglas estão ligadas a um país, mas se pudéssemos trazer um pouco para o individual, poderíamos pensar em como muita gente tem tratado o PIB e o FIB pessoal. Muita gente tem trocado a felicidade de uma vida simples pelo acúmulo de bens e riquezas, ou apenas por uma correria louca, que no final leva a lugar nenhum. Sem jamais se disporem a pensar na verdadeira felicidade, buscam nos bens ou em diversões passageiras, a satisfação pessoal enquanto perdem a própria vida vivendo-a de forma complexa e infeliz; tornam-se escravos dos horários, dos contratos, dos sistemas complexos, muitas vezes frios e desumanos; e do desejo ganancioso e muitas vezes egoísta de ter sempre mais.
Prefiro ficar com o que disse o salmista no Salmo 33: 12 “Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor.” e Jesus, que disse: Lucas 12: 15 “E disse ao povo: Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui.”

Fortaleza-CE 02/10/09
Wanderley T F – servo do Deus vivo e vosso.
wanderleytf@gmail.com