segunda-feira, 28 de julho de 2008

A frieza que assusta...

O que me assusta não é o clima frio, mas a frieza

Da comunicação

Da política

Das atitudes

Das caras

Das conveniências

Das covardias

Das decisões

Das desculpas

Das escolhas

Das expressões

Das falsidades

Das imposições

Das invenções

Das mentiras

Das organizações

Das razões

Das reuniões

Do capitalismo

Dos formalismos

Dos gestos

Dos limites

Dos paradigmas

Dos partidos

Dos preconceitos

Dos preços

Dos privilégios

Dos relacionamentos

Dos segredos

Dos sistemas

Dos vícios

Do Cristianismo

O clima frio esfria o corpo, mas a frieza de todas essas coisas, a alma, e fazem muito mal, infinitamente mais. Wanderley Tome de Freitas 27/07/04 10:17hs

Carrapichos e a proclamação das Boas Novas.

Quem não conhece carrapicho? Quem já não teve o desprazer de entrar no mato e sair de lá com alguns carrapichos grudados? Pra quem não passou por isso e nem tão pouco sabe o que é carrapicho, eu vou explicar. Carrapçicho é a semente de uma planta que gruda na roupa, ou nos pelos das pernas enquanto caminhamos pelo mato e temos algum contato com a planta. Há uma sabedoria da natureza, ou melhor, do criador dela. Quando a semente gruda em algo ou alguém, ela será deslocada para outro lugar, onde será lançada ao chão e nascerá nova planta ali.

Quando pensamos nesse fato, lembramos do nosso compromisso de espalhar as boas novas de salvação e entendemos o quanto é importante ter “as marcas de Jesus”,( Gálatas 6:17 Quanto ao mais, ninguém me moleste; porque eu trago no corpo as marcas de Jesus.) ser “sal da terra” (Mateus 5:13 Vós sois o sal da terra;) e “luz do mundo”. (Mateus 5:14 Vós sois a luz do mundo. )É na vivência do dia a dia, no deslocamento pessoal, no ir e vir, e no estar, que a proclamação acontece, que a semente se espalha, e nascem novas vidas. É claro que quem vive na roça sempre está levando e trazendo sementes de carrapicho e as espalhando pelo chão; assim também nós, quanto mais intimidade com Jesus, mais exalaremos o seu perfume, (2 Coríntios 2:15 Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo,) espalharemos a semente das boas novas por meio de nossa vida cristã prática, diariamente. Não somos as sementes, apenas as transportamos e as espalhamos pelas terras do coração; fazer nascer é um ato exclusivo de Deus. Mas assim como os carrapichos serão espalhados e serão novas sementeiras, na vida cristã o ciclo deve ser o mesmo. (Idéia do meu brother Richard e texto meu Wanderley Tome de Freitas – servo do Deus vivo. 25/02/05)

wanderleytome@ibest.com.br

terça-feira, 15 de julho de 2008

Quero ter amigos, quero ser amigo, ou não...


Algumas amizades são marcantes na história bíblica. Marcantes porque são historias de relacionamentos e de amizades que marcaram vidas, que fizeram diferença, que marcaram épocas, entraram para a história e se tornaram exemplos para quem quer e acredita que é preciso ter e ser amigo.

Não posso deixar de citar alguns exemplos de amigos e amizades, que para mim são muito relevantes na história bíblica. Como por exemplo, Abraão, que é chamado amigo de Deus. Tiago 2:23 “e se cumpriu a Escritura, a qual diz: Ora, Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça; e: Foi chamado amigo de Deus.” Isaías 41:8 Mas tu, ó Israel, servo meu, tu, Jacó, a quem elegi, descendente de Abraão, meu amigo.” Esse mesmo Abraão, é amigo de Ló, cujo qual ele entra em acordo e se separam geograficamente para que continuem amigos. Davi e Jônatas; uma amizade a toda prova, recheada de riscos, perigos, mas também de demonstrações de lealdade, carinho e afeto recíproco. E não posso falar de Davi sem citar algumas de suas relações de amizades. Não posso deixar de citar Itai, o Geteu, que fez uma declaração que expressa a lealdade e fidelidade que se espera sempre dos verdadeiros amigos. 2 Samuel 15:21 “Respondeu, porém, Itai ao rei: Tão certo como vive o SENHOR, e como vive o rei, meu senhor, no lugar em que estiver o rei, meu senhor, seja para morte seja para vida, lá estará também o teu servo.” Também destaco a amizade de Husai, (“1 Crônicas 27:33 Aitofel era do conselho do rei; Husai, o arquita, amigo do rei.”) que aparece como amigo do Rei Davi, mas está junto com Absalão, quando perseguia o próprio pai. Husai não estava lá traindo seu amigo, mas protegendo, pois consegue mudar os planos de Absalão e avisar a Davi seu amigo para se proteger. Cito também os amigos de Jó, que apesar de falarem coisas absurdas em um momento tão difícil da vida do amigo Jó, eles estavam lá, perto dele. E a Bíblia diz que eles foram lá para consolá-lo. “Ouvindo, pois, três amigos de Jó todo este mal que lhe sobreviera, chegaram, cada um do seu lugar: Elifaz, o temanita, Bildade, o suíta, e Zofar, o naamatita; e combinaram ir juntamente condoer-se dele e consolá-lo.” E ainda conta o texto Bíblico que eles choraram quando viram a situação de Jó e passaram sete dias junto dele sem dizer coisa alguma. (Jó 2:12-13) Diante de tantos exemplos Bíblicos, não posso deixar de fora a amizade de Jesus e Lázaro, Jesus e João Batista; Paulo e Silas, Timóteo, Filemom e outros. Logo, por ser amizade uma realidade Bíblica, prática de grandes homens de Deus, e por que não dizer, do próprio Deus, eu posso dizer: quero ter amigos, quero ser amigo, ou não...

Quero amigos, não para explora-los e nem ser explorado, mas para usufruir da companhia, participar das lutas e compartilhar as alegrias.

Quero amigos, não para fazerem apenas cobranças, mas para assumir os riscos de serem meus amigos em qualquer circunstância.

Quero amigos, não apenas para me dizerem o que não deveria ter feito, mas para analisarem os fatos e se puderem, me dizerem o que devo ou não fazer.

Não quero amigos que tenham coragem de dizer coisas sobre mim para outros e não tenham a mesma coragem de dize-las a mim.

Quero amigos que vejam em mim o ser mais que o ter.

Não quero amigos que sempre discordem ou que sempre concordem comigo; mas quero que sejam capazes de ver minhas atitudes e de ouvir minhas idéias, pensamentos e pecados mais absurdos sem me rotularem ou rejeitarem.

Quero amigos que acreditem que dar e receber é apenas uma questão de oportunidade.

Não quero amigos que esperem sempre presentes como recompensa, mas quero que acreditem que a gratidão é uma virtude, um sentimento e uma prática indispensável em qualquer pessoa e a mais importante e gratificante recompensa.

Quero amigos que acreditem na reciprocidade da dependência.

Quero amigos que enxerguem nas diferenças algumas possibilidades de mudanças, e outras, apenas fruto da diversidade humana.

Quero amigos que consigam ver a superfície das coisas sem desprezar a essência, sejam capazes de enxergar o belo mesmo no simples, acreditem sempre em uma saída em meio ao caos e percebam o amor em pequenos gestos.

Quero amigos que prefiram o incomodo e até o sofrimento de se importar do que o conforto da indiferença.

Quero amigos que se deixem conhecer e que ousem me conhecer, ainda que isso possa trazer frustrações aos pré-conceitos.

Não quero amigos que tenham receitas prontas para tudo; quero apenas que tenham a disposição para pensar, a coragem de mudar de idéia se preciso for, e acreditem que a vida é um aprendizado constante.

Quero amigos com sensibilidade o bastante para perdoar e coragem suficiente para pedir perdão.

Quero amigos que não sintam vergonha de se emocionarem e que sejam fortes o bastante para se sensibilizarem diante da miséria e tragédias humanas.

Quero amigos que tenham senso de justiça sem perder o equilíbrio da tolerância, a beleza da misericórdia e a fascinante maravilha da graça.

Quero amigos que acreditem que saber falar é importante e que ter a disposição e saber ouvir é essencial.

Quero amigos comprometidos com a vida, com a verdade, com a transparência, com o amor a Deus e ao próximo; para isso alimentarei meu desejo e minha esperança e me esforçarei para fazer o possível para que isso seja uma realidade.

Quero amigos que acreditem que amigos são pessoas especiais e que a amizade é um patrimônio inegociável, construído e conquistado.

Já conheci muita gente, sei que tenho alguns amigos, mas sinceramente não sei quantos amigos verdadeiros eu tenho e nem quantos me consideram amigo de fato. Sei apenas que o tempo, a distância, as circunstâncias e as adversidades são capazes de revelar amigos verdadeiros.

Quero amigos, não apenas para ter, mas para ser; ser amigo e ser o melhor que puder naquilo que eu espero de meus melhores amigos.

wanderley tome de freitas - servo do Deus vivo 27/07/2005

wanderleytome@ig.com.br

Quem são os culpados?

Diante dos fatos absurdos e trágicos que temos visto repetidas vezes repetidas por toda a mídia, uma coisa fica evidente: todos querem achar os culpados pela tragédia ocorrida. É mesmo muito trágico o fim de uma criança arremessada pela janela de seu próprio apartamento. Mesmo que não seja a única tragédia acontecida nessa mesma época, essa tomou proporções enormes pela divulgação intensa feita por todos os veículos de comunicação do país. Há um interesse de uma nação pela descoberta da verdade dos fatos; quem teria cometido tão horrendo crime? Muitos já tiraram suas conclusões e acusam sem medo de errar quem são os verdadeiros culpados. De certa forma é legítimo o interesse em saber a verdade sobre tamanha crueldade cometida a um ser tão indefeso diante de seus agressores. No entanto, o que não vemos absolutamente ninguém fazendo; pelo menos nos mesmos meios de comunicação que acompanham com afinco as investigações, e que aproveitam a tragédia para manter a muitos escravos de uma curiosidade mórbida em frente a seus programas; ninguém desses tem coragem de perguntar, investigar, tentar analisar a questão de uma forma mais profunda sobre; quais seriam os reais motivos do crime? Em que contexto ele está inserido? Talvez exatamente por que isso levaria a sociedade a analisar suas próprias escolhas e comportamentos. Um crime que acontece dentro de um lar, com uma história de traição e separação. Crianças que precisam desde muito cedo conviver com a história de traição e separação de seus pais; confusões e conflitos, ciúmes como consequência de um “amor da vida” deixado pra trás e trocado por outro... será mesmo amor? E agora, o fruto de relacionamentos que se fizeram e desfizeram com a simplicidade e naturalidade que o mundo ensina e defende, acumula consequências para a vida inteira. Filhos, dádivas de Deus, fruto da relação mais íntima entre um casal; pequenos, indefesos, dependentes, carentes... expostos a problemas de gente adulta e egoísta que só conseguem pensar em seus próprios prazeres. Enquanto a sociedade procura os culpados esquece de analisar o contexto geral em que muitos estão inseridos. Uma sociedade exposta a princípios e valores deturpados, esquecidos, mudados. A família, para muitos, já não é uma instituição segura e permanente, uma escolha para a vida toda. É uma opção temporária. Duas pessoas se juntam, compartilham de interesses comuns e desfrutam o prazer do sexo e em atitudes egoístas preocupam-se apenas com o prazer pessoal. Irresponsavelmente trazem filhos ao mundo, muito também para o próprio prazer, o de ter uma criança como propriedade. Mas não existe mesmo a preocupação com ela, pois ao menor sinal de problema, ou daquilo que possa parecer melhor para si, pai e mãe, não se preocupam com ela e a expõem às consequências de suas escolhas egoístas que deixam rastros de infidelidade, traição, abandono, desamor... e um lar desfeito, uma família aos pedaços. Muitas vezes se ajuntam novamente, formam novas parcerias, mas mantêm os mesmos defeitos de antes, as mesmas atitudes egoístas, a mesma falta de princípios, os mesmos valores hedonistas... São frutos de uma geração, formadores de outra, reflexo de uma sociedade perdida em sua própria falta de limites, de princípios e valores reais... incapaz de preocupar-se com o outro, mantém uma responsabilidade que não chega ao amanhã, apenas ao hoje, ao aqui e agora, que só consegue atingir a eles mesmos. Enquanto a televisão traz para dentro dos lares a banalidade da traição, do desmoronamento de famílias com a busca de seus líderes pela chamada felicidade ao lado de novos parceiros; pais que se permitem e permitem seus filhos ao sexo livre, descomprometido, a não ser com o prazer único e pessoal; exemplos de lares que se fazem e desfazem na velocidade da instabilidade dos sentimentos humanos... são exemplos para uma sociedade inteira, e mais que exemplo, são ensinamentos para muitos que cometem os mesmos erros, e o resultado aparece de forma mais visível em tragédias como essa, mas estão presentes em muitas outras, mascaradas e escondidas pela importância que não lhe são dadas.
Agora, há uma multidão que clama por justiça, que quer ver justiça, quer achar os culpados e puni-los no rigor da lei. Concordo que os culpados sejam encontrados, que as provas sejam irrefutáveis e que autoria de tamanho mal feito seja realmente comprovada. No entanto, faz-se necessário retornar ao ensinamento oportuno de Jesus, (João 8:1-11) com sua frase impactante que ecoa até hoje, mas que muitos não param para ouvi-la. Diante daqueles que acusavam e condenavam, sentenciando à morte uma mulher flagrada em adultério, Jesus simplesmente diz: “ quem não tiver pecado, que atire a primeira pedra.” Isso não é uma busca para justificar o erro de quem o cometeu, mas é uma forma de mudar o rumo do olhar. Esse olhar que vê o outro, os defeitos e erros dos outros, é desafiado a olhar para dentro de si mesmo e para os seus próprios erros, defeitos e pecados. Jesus não esconde o pecado daquela mulher, pois ele diz a ela: “ vai e não peques mais”, mas ele olha para ela com misericórdia, e mais que isso; ele aproveita esse momento para levar seus acusadores a refletir sobre eles mesmos. Certamente esse é um momento de cada um olhar para dentro de si mesmo e perguntar, como tem contribuído para uma sociedade melhor, onde valores e princípios que formam a base de uma sociedade saudável são mantidos e defendidos a qualquer preço. Onde o lar seja um lugar aconchegante, e a família, a base para uma sociedade saudável, ponto de apoio, lugar de comunhão e proteção para vidas que se desenvolvem até se tornarem responsáveis por outras vidas também. Onde Deus e sua palavra sejam absolutos em detrimento dos achismos e pensamentos humanos. Enquanto nos calamos diante de tudo que deturpa e destrói o que é mais básico e fundamental para uma sociedade saudável, continuaremos a ver tragédias assim. Não basta combater os efeitos, é preciso descobrir e combater as causas. Por isso, mesmo diante da complexidade de um caso tão trágico, em que procura-se por todos os meios encontrar os culpados pelo crime, nos deparamos com a questão muito mais complexa e abrangente, se pensarmos no fato como efeito, inserido em um contexto muito maior que a própria história do crime em si. Quem são os culpados?
29/04/08
wanderley tome de freitas – servo do Deus Vivo! wanderleytome@ig.com.br

Desigualdade social, um problema de muitos, responsabilidade de todos.





Com o coração incomodado diante da enorme carência social, me sinto desafiado a ajudar. Mas diante do desafio enorme, não posso fazer isso sozinho. Sinto-me muito pobre diante do tamanho da carência do mundo, mas não mais pobre que alguém que tem muito, mas permanece indiferente diante da miséria em que muitos vivem. Ou mesmo aqueles que apesar de não terem muito, mas ainda assim não é tão pouco que não possam repartir, no entanto, são muitas vezes insensíveis. Não consigo e certamente jamais conseguirei esquecer aquela imagem que rodou o mundo, de uma criança fraca e desnutrida, no meio do deserto africano à espera da morte, enquanto um abutre a observa esperando para se alimentar da mesma. Isso dói tanto... Também trago na lembrança uma reportagem mais recente, onde em um dos sertões brasileiros o repórter encontrou uma família de cinco pessoas que usavam a mesma escova de dente. Fiquei impressionado com isso; pois como pode algo tão básico e pessoal ter de ser dividido entre cinco pessoas? Principalmente em um país com riquezas tão grandes, que se gloria de ter reservas para pagar até a monstruosa dívida externa. Continuo perplexo diante da enorme desigualdade do mundo, mas não precisamos olhar para todo ele para ver isso numa proporção assustadora. Basta olhar aqui mesmo, no nosso país, e então vamos encontrá-la de forma muito evidente e em um tamanho que talvez seja o maior do mundo. Não posso entender nem aceitar o fato de uns terem tanto e outros não terem praticamente nada. Que fique claro, que o problema pra mim, não é o fato de alguém ter muito, mas muitos não terem praticamente nada; nem mesmo o básico do básico. Não me conformo com o desperdício e nem com aquilo que é gasto com exagero para o prazer ou para satisfazer caprichos, enquanto há tantas carências, prioridades e formas de fazer o bem, muito mais importante que o simples fato de satisfazer aos desejos, os caprichos ou aos prazeres com valores exorbitantes. Eu sei que essa é uma realidade que não posso mudar sozinho e nem me atrevo a querer fazê-la por completo; quero apenas fazer a minha parte agregando à minha pouca força as forças de tantos quantos quiserem, puderem e se dispuserem a fazer algo, impulsionados pela insatisfação diante da injustiça social; ainda que seja pouco, mas que certamente será mais do que nada fazer. Mesmo que a desigualdade do mundo me incomode muito, sei que preciso me concentrar onde estou, onde posso alcançar os que padecem, com mais facilidade; no caso, meu país. A miséria dos que padecem não se resume apenas à fome, muito embora ela esteja presente em muitos lares brasileiros. Não é apenas comida que falta, mas faltam também moradias dignas, educação e noções básicas para uma vida mais equilibrada e menos sofrida. Falta àqueles que detêm o poder,a capacidade de dar direções a muita gente que não adquiriu o mínimo conhecimento possível para administrarem a própria vida. Verdade é que os programas que contemplam alguns com quantias em dinheiro, resolve apenas em parte o problema, mas acaba por alimentar e nutrir outros, mantendo a muitos completamente dependentes de tais programas, que apesar de já ser alguma coisa, está longe de ser algo que proporcione uma vida realmente digna a quem é assistidos por eles. E isso se agrava com a pobreza de muitos, que acabam acomodando-se enquanto sobrevivem com apenas a pequena ajuda que recebem de tais programas. Ainda que a intenção seja boa, quando condiciona ajuda à família carente à participação das crianças na escola, por outro lado isso é insuficiente diante da educação muitas vezes precária, e ainda, em muitos lugares do país, quase irrelevante. Também existem outras tentativas de ajuda, realizadas através de campanhas de arrecadação de recursos. São muito válidas; mas apesar de arrecadarem grandes quantias em doações, também não conseguem atingir a todos que precisam e carecem de ajuda.

Penso que o melhor caminho para investir no ser humano é começando enquanto criança, pelo fato de ser mais fácil moldá-las no crescimento, que mudar adultos crescidos e endurecidos pelo tempo. Mas não simplesmente investir nelas apenas, mas na geração delas. São as crianças de lares desestruturados que formarão novos lares desestruturados, se não forem acompanhadas até que possam ser multiplicadoras de uma geração que cresce com organização e estrutura sólida, mantendo padrões de uma vida digna, enquanto olha também para o lado para enxergar o outro que padece. Penso que é preciso acompanhá-las até que o padrão de vida digna se torne cultura, com o recheio de uma boa educação e princípios cristãos capazes de nortear a vida. É tão simples de entender que os adultos de hoje, que os pais de famílias carentes, que os bandidos, criminosos, assassinos, ladrões, estupradores, pedófilos... um dia já foram crianças, que muito provavelmente cresceram em meio ao crime, oprimidos pela desigualdade em todos os sentidos. Não há como negar e fugir da realidade de que o ser humano, criado por Deus, e corrompido pelo pecado precisa de direção, sem a qual segue com uma tendência sempre para o mal. É claro que enquanto se investe nas crianças não se pode excluir os adultos, pois de alguma forma o investimento na vida deles também deve acontecer, mas o foco principal é a geração que se desenvolve para ser diferente no futuro próximo, e consequentemente mudar a realidade. Mas o que fazer diante da carência enorme, do tamanho do estrago, da desigualdade que afeta a tantos e que acaba atingindo outros tantos como conseqüência? Impossível mudar a realidade? É uma resposta que não me atrevo a dar, prefiro pensar que é preciso e possível fazer algo; que é fazendo alguma coisa, mesmo que seja pouco, que se consegue mudar. Ainda que seja pouco, mas o pouco de alguém agregado ao de outros, certamente produzirá resultados relevantes. Sei que o que não podemos fazer é esperar por quem quer que seja que deveria fazer e não faz. Penso que muitos daqueles que deveriam fazer e não fazem, são os mesmos que mantém o povo alienado, pagando por direitos e coisas que não recebem. O povo que paga salários enormes para seus representantes, e contribui com o país com uma quantidade e porcentagem grande do que ganha, cobrados através de impostos; enxerga cada vez mais seus representantes enriquecerem através de falcatruas; e sua contribuição, que junta faz um montante enorme, é muitas vezes desperdiçada país a fora. Mas como disse, não dá pra ficar esperando por quem deveria fazer e não faz, pois enquanto isso acontece, aumenta a cada dia o número de famílias carentes e lares que se desenvolvem sem o mínimo de estrutura para uma vida digna. Crianças aderem ao crime cada vez mais cedo, iniciam a vida sexual precocemente e trazem ao mundo filhos indesejados, e acumulam problemas que se evidenciam na sociedade, quer ela queira ou não. Ficar esperando por quem deveria fazer e não faz, enquanto podemos nós fazer, ainda que seja pouco, mas não fazemos, pode nos fazer tão culpados quanto. É preciso que uns contagiem outros, e de certa forma, que muitos se sintam constrangidos a ajudar. Aliás, penso que isso é um prazer que muitos precisam descobrir. Entendo que muitos até queiram fazer isso, mas falta-lhes os meios; que precisam exatamente de instrumentos, de instituições sérias, de alguém que seja ponte, que descubra as carências e que tenha meios de ajudar, repassando recursos com sabedoria e honestidade. Outros, no entanto, precisam mesmo aprender a fazer isso; precisam descobrir o prazer de ajudar e sentirem-se recompensados em ver o bem que produzirá a a ajuda dada a quem padece. É certo que diante das enormes carências do mundo, às vezes falta-nos até a exata noção do tamanho dela. Somos tentados a desistir antes mesmo de começar qualquer movimento para ajudar os que padecem; muito provavelmente pelo tamanho da carência, desproporcional ao tamanho de nossas forças ou capacidade. Ou talvez por vermos a falta de interesse de muitos, que poderiam fazer muito, mas permanecem indiferentes à miséria humana. Mas alguém tem que começar, alguém tem que dar e ser exemplo, alguém tem que contagiar outros pelo esforço e doação; até de si mesmo, em prol do outro... Alguém tem que mostrar que é possível; mesmo que não seja resolver o problema do mundo, mas no mínimo ajudar a muitos a viverem com dignidade. É preciso, no entanto, entender e jamais abrir mão da verdade absoluta de que direitos e deveres andam juntos. Que não há como separar a vida do trabalho; não há como separar o saber do esforço e dedicação para aprender; não há como separar pão de cada dia, de trabalho digno; não há como existir vida digna, abrindo mão de princípios e valores fundamentais a ela. Como já disse, não é apenas pão, comida; o problema não é apenas fome; é um conjunto de coisas que se acumulam, se desenvolvem, evoluem no tempo, e que vai passando de geração para geração. É muitas vezes uma cultura, um ciclo que se forma entre gerações que nasceram em meio à carência e se perpetuam sem encontrarem a saída para uma vida melhor. É certo que jamais iremos conseguir acabar com a miséria, com os criminosos e tudo aquilo, que de uma forma ou de outra são frutos, resultados, conseqüências de uma desigualdade, injustiça social e principalmente a falta de Deus que atinge a muitos. Mas se investirmos de forma relevante nas pessoas e principalmente nas crianças; mas não apenas nelas, mas na geração que se forma a partir delas, é muito provável que os resultados sejam bem positivos.



Recuso-me a passar pela humanidade e não fazer nada por ela. Ver tanta gente vivendo na miséria absoluta, enquanto outros esbanjam e gastam quantias enormes com aquilo que diante do valor do ser humano torna-se irrelevante; isso é mesmo um incômodo em mim.



Com certeza nem todos aqueles que receberem investimento responderão de forma positiva, por isso é certo que sempre haverá decepções; mas se tivermos feito a nossa parte, o que podíamos fazer, isso já nos servirá de consolo, além do fato inegável de que não podemos prever quem responderá positivamente e quem não; ainda assim prefiro acreditar que os que responderão positivamente serão sempre mais que ao contrário.



Não luto por igualdade em tudo; até por que, sei que isso é impossível. Gostaria apenas que todos tivessem igualdade no básico. Educação, saúde, alimentação e moradias dignas. E nisso sei que seria possível, se houvesse uma conscientização e boa vontade do mundo, onde uns compram carros de milhões enquanto outros não possuem meios de transporte dignos, e não poucas vezes isso provoca a morte de muitos à míngua, por não terem como ser socorridos a tempo. Enquanto uns possuem mansões milionárias, outros moram em barracos de lona, em condições subumanas de sobrevivência. Enquanto uns gastam milhares com hospedagens e pratos exóticos, com valores que assustam, outros moram nas ruas, comem o que encontram no lixo, e não poucos morrem desnutridos por não terem o que comer. Entendo que uma coisa não precisa exatamente excluir a outra; como disse, não luto por igualdade, mas pelo básico e entendo que é plenamente possível para muitos manterem o padrão de vida, mesmo que seja milionária, sem que o outro viva na absoluta miséria, sem o mínimo possível para uma vida digna. Mas também entendo que isso é uma compreensão que talvez jamais atinja a todos, principalmente aqueles que se mantêm muito mais ligados às riquezas da terra que aos tesouros no céu. (Mateus 6:19-21) Diante de tudo isso, o que nos resta mesmo é fazer o melhor que pudermos com o que tivermos, até que muitos sejam despertados e também passem a contribuir para mudar a realidade de muitos que sofrem. O que não podemos mesmo é permanecer inertes diante da enorme carência que enxergamos à nossa frente, enquanto esperamos por quem deveria fazer e não faz; enquanto ouvimos os debates vazios daqueles que falam muito dos problemas, mas, se não são causadores de muitos deles, no mínimo ajudam a mantê-los, por não estarem realmente dispostos a pagar o preço em busca de soluções. E muitas vezes até possuem condições, meios e formas de fazer o bem para muitos, mas interessam-se muito mais por aquilo que pode trazer mais fama, glamour, status, bens e riquezas. Poucos estão realmente dispostos a fazer algo, e não poucos são contagiados pela indiferença dos outros e permanecem inertes, indiferentes e tão culpados quanto. Entendo que muitos não fazem nada por que não conseguem mesmo ver; vivem em um nível e em um padrão de vida tão distante dos que padecem, que falta-lhes mesmo a noção do tamanho da carência dos que sofrem. No entanto, outros não se importam mesmo; possuem corações cheios de egoísmo, ganância, avareza... Controlados por essas coisas, o amor ao próximo é praticamente inexistente. Entendo que é preciso alguém enxergar e mostrar insistentemente, incansavelmente, evidenciando os problemas para aqueles que não enxergam; o drama de quem não tem moradias dignas, não tem educação de qualidade, não possuem condições básicas de sobrevivência. Crianças, tão vulneráveis, peculiaridade da própria infância, de personalidade ainda indefinida e por isso mesmo, maleável. Muito cedo se envolvem no crime, e muitas vezes os cometem da mesma forma que os adultos. Expostas às carências, vivendo praticamente sem limites, sem noção de valores morais e éticos, sem referenciais e absolutos, são facilmente seduzidas por qualquer coisa que lhes pareça dar prazer, qualquer vantagem ou ganho de qualquer coisa. Em um país onde a prostituição é praticamente institucionalizada, pregada, defendida e incentivada de várias formas; onde a pornografia tornou-se algo muito normal; as crianças não estão livres, e muitas, muito cedo se prostituem, muitas vezes apenas para se alimentarem. Muitas crianças que convivem com pais dependentes químicos, viciados em drogas, são expostas àquilo que a infância absorve e que certamente trará conseqüências para o resto da vida. Mas o desafio não é apenas mostrar, como muitos programas de TV o fazem, expondo tragédias humanas, e de certa forma até banalizando-as; mas na realidade, são insuficientes em busca de soluções realmente práticas. Por isso, entendo que não basta mostrar; é preciso ver e fazer. Mais que debater os problemas é preciso buscar soluções práticas. É preciso investir e acreditar que a diferença que a ajuda fará na vida de alguns, atingirá outros como conseqüência natural, assim como a falta de ajuda faz perpetuar a vulnerabilidade de não poucos de geração em geração. Aliás, por falar em vulnerabilidade, a sociedade acaba usando termos assim e de certa forma definindo toda a miséria em termos como: estado de vulnerabilidade social ou situação de risco. Sinceramente, pra mim, isso é uma forma de eufemismo que resume tudo, mas não expressa de forma clara a real situação de miséria em que muitos vivem. Mas quem sabe a idéia seja exatamente essa; não esconder, mas também não mostrar como deveria; e assim, não expõe e também não trata e não cuida.



Como disse, quero fazer a minha parte, mas sei que o que posso fazer sozinho é muito pouco. Na verdade nem sei o que posso fazer, mas sei que devo fazer o que puder. No mínimo quero disponibilizar os dons que Deus me deu, e não só os dons, mas a mim mesmo se preciso for, para que sob a direção de Deus eu seja usado para fazer algo em prol dos que padecem. Por enquanto, escrever sobre o assunto é parte do que posso fazer.



Tudo que escrevo aqui, considero apenas um convite à reflexão do que há por fazer, do que temos feito, e do que ainda devemos e podemos fazer. Penso que não adianta muito ficar a falar dos problemas que nos cercam, dos que não conseguem ver, dos que criam tais problemas, se não dermos exemplo fazendo nossa parte. Penso que no mínimo, quem enxerga deve mostrar a quem não vê, enquanto dá exemplo fazendo algo em prol de uma vida digna para alguns. É preciso que as insatisfações e as intenções transformem-se em atitudes práticas; pois quando essas coisas não são no mínimo externadas, não produzem movimento em busca de mudar a realidade, não fazem sentido, são inúteis, irrelevantes. É preciso fazer, ainda que seja pouco. Penso que a começar de nós, cristãos, precisamos avaliar e reavaliar sempre; se não nossa culpa; nossa conivência com a prática de uma sociedade muitas vezes capitalista, materialista, egoísta, gananciosa; que possui teorias muito diferentes da prática, ou mesmo, que inventa suas próprias teorias para fundamentar suas práticas, e que muitas vezes reduz o valor da vida humana à insignificância. Penso que precisamos avaliar nossas prioridades, nossos investimentos e gastos. Mas sei que isso só acontecerá quando for possível enxergar e avaliar opções de investimento. Quando houver a capacidade de olhar para a carência enorme do ser humano e entendendo o valor da vida humana, considerarmos o investimento uma opção e muitas vezes uma prioridade. Penso que a começar de nós cristãos, precisamos fugir da tentação de permanecermos no belo e apaixonado discurso do amor ao próximo, que muito provavelmente era usado pelo sacerdote e o levita de Lucas 10:25-37; para a atitude de amor na prática, do bom Samaritano, encontrado no mesmo texto. Aliás, esse texto precisa servir de auto-avaliação sempre pra cada um de nós. Qual tem sido nossa atitude diante dos que sofrem, dos feridos, dos machucados, dos que sentem dor, dos que passam fome, frio e sede? Há a atitude de sentimento, que penso ter sido a do sacerdote e do levita do texto já citado. Muito provavelmente eles sentiram dó daquele homem ferido e caído à beira do caminho, mas não fizeram absolutamente nada de prático por ele que pudesse ajudá-lo; muito ao contrário da atitude do bom samaritano. É claro que existem muitos bons samaritanos por aí, e louvo a Deus pela vida deles. Também louvo a Deus pelas instituições e ministérios que tem sido como ‘ponte sobre as águas, farol, abrigo no deserto’ para muitos. Estes têm transformado o discurso do amor ao próximo em atitudes práticas. Por isso, mais que o desejo de que eles continuem; também desejo que muitos se juntem a eles, agreguem suas forças à deles, para que possam fazer muito mais do que já fazem. Como já disse; o pouco que alguém faz já é mais do que nada fazer. Então penso em quantos ainda precisam se envolver; sair da zona de conforto e fazer da auto-avaliação uma prática constante, para não correr o risco de terem um cristianismo muito mais de sentimento, e palavras que de atitudes realmente práticas. Diante disso, não posso deixar de citar Tiago que diz: “A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo.” (Tiago 1:27)



Enquanto penso na desigualdade social enorme; na sociedade que de certa forma a cria e ajuda mantê-la, fazendo distinção de raça, cor, condição social, status; permitindo e ajudando a manter concentrações de renda; não excluo de minha análise as igrejas, enquanto organizações e conseqüentemente maiores concentrações de força diante dos enormes desafios. Fico a pensar nos investimentos e gastos e sinceramente, confesso que meus questionamentos não são de agora. Já há algum tempo penso no quanto poderia ser feito se houvesse uma preocupação muito maior com a proclamação do evangelho em detrimento da busca pelo conforto, às vezes até exagerado de alguns. Meu coração enxerga igrejas pobres em lugares difíceis, comunidades carentes, povoados pobres e etc. lutando pela existência; muitas vezes pastoreadas por homens de fé e coragem, mas despreparados; não por culpa deles, muitas vezes, mas pela falta de investimento nos mesmos, que passam muito tempo dando e recebem muito pouco ou quase nada, e portanto carentes de reciclagem e de serem pastoreados também. Além do fator financeiro, que muitas vezes é causa de grande sofrimento para eles, por causa da ajuda de custo que recebem, às vezes quantias irrisórias. Ou até mesmo muitos lugares onde não há uma comunidade relevante... Enquanto vejo isso, também vejo muitas vezes a preocupação com prédios luxuosos; gastos e investimentos enormes, muito mais em busca de agradar salvos, que em busca de salvar os perdidos. Concentração de investimentos e gastos enquanto há tanto por fazer, e tantos lugares carentes do evangelho, que muitas vezes poderiam ser alcançados pela atitude simples de preocupar-se mais com os perdidos que com o conforto para os já alcançados. Não que não mereçam nenhum, ou que não sejam importantes, mas já que estamos falando em desigualdade, por que não refletirmos também sobre isso, pensando se não é justo, preciso e possível; pelo menos o básico para aqueles que servem, entregando-se para pregar o evangelho e se dedicam a isso, mesmo em condições muitas vezes muito adversas. Além disso, não podemos esquecer, que ‘Deus não habita em templos feitos por mãos humanas.’ Por isso, os maiores investimentos e gastos devem mesmo ser em prol daqueles onde Deus habita, ou quer habitar. Mais uma vez, quero deixar claro que sou consciente de que existem grandes investimentos concentrados em alguns lugares, que visam a proclamação do evangelho de forma relevante e impactante para o maior número possível, e assim o resgate e a salvação de muitos. Louvo a Deus por iniciativas assim, pela visão e empreendimento e principalmente por que sei que o alvo maior são os não salvos. Por isso, a principal preocupação não é com o conforto dos salvos, mas com instalações funcionais e práticas que proporcione um lugar agradável e ambiente propício à pregação, reflexão e transformação de muitos. Diante disso, minha reflexão é sobre o quanto poderíamos fazer, se a preocupação de todos, fosse atingir o maior número possível. Penso que as igrejas, como já disse, enquanto organizações e concentrações de força, precisam avaliar seus investimentos e gastos sempre, para não permitirem que aquilo que é secundário tome o lugar do que é prioridade; que é a pregação do evangelho ao maior número possível. Quantas comunidades carentes espalhadas pelo Brasil carecem do evangelho, e quantos até se dispõem a ir, mas falta-lhes as condições básicas, ou quando lá estão sofrem pelas condições precárias, e não poucas vezes, a falta de apoio das comunidades que já possuem uma boa estrutura e que com um pouco de boa vontade e esforço poderiam conceder valiosa ajuda. Enfim, penso que precisamos aproveitar essa reflexão sobre desigualdade social, para que as igrejas também avaliem a existência de uma desigualdade em relação à própria missão da igreja e o que pode ser feito para que o maior número possível possa ter a oportunidade de ouvir o evangelho de forma relevante. Penso que se qualquer avaliação resultar em ajuda no esforço de pregar o evangelho em detrimento daquilo que é secundário, já será um progresso e um exemplo a ser seguido.



Com certeza, essas coisas ditas aqui são de um coração apaixonado por igreja local. Que acredita na força e no grande potencial que existe numa igreja que cresce, se fortalece, se prepara, se dispõe e depende de Deus para fazer grandes coisas para Ele. Mais do que pão a quem tem fome, a igreja pode levar a verdade que liberta e transforma, curando as feridas, restaurando vidas e mudando perspectivas; ou mesmo produzindo em quem não as tem . Os desafios são enormes diante da carência do mundo. Sozinho eu sei que não posso fazer muito, mas não posso me acomodar e calar; no mínimo posso continuar a incomodar os acomodados e convidando a todos à reflexão sobre o tamanho do desafio e o que devemos e podemos fazer diante dele. Que Deus nos abençoe e nos use para mudar a realidade de muitos.


Fortaleza 01/06/08 wanderley tome de Freitas – servo do Deus Vivo!


wanderleytome@ibest.com.br

domingo, 13 de julho de 2008

Pensando no mato.

Me taco no meio do mato, reflito sobre meu passado, descubro quem fui. Analiso meu presente, para enfrentar o futuro, fico em cima do muro sem saber pra onde vou. Decidir é o mais difícil, pois em toda caminhada a decisão errada não leva a lugar algum. É preciso paciência, se valer da experiência pra não vir a sucumbir. Já cansado de pensar, me ponho a perguntar o que será de mim. Sem respostas eu desisto, não quero pensar mais nisso, vou parar de refletir... sei que preciso achar uma saída, pois sem rumo na vida não da pra ficar. Saio de dentro do mato, volto pra vida que tenho, decidido a caminhar, pois caminhando é que se vai, mas é Deus quem determina onde se pode chegar.

wanderley tome de freitas - servo do Deus vivo! 19/03/05

wanderleytome@ibest.com.br


CORAÇÃO E TESOUROS, MUDANÇA SIM, SEPARAÇÃO IMPOSSÍVEL!

Não acumuleis para vós tesouros na terra” “...porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.” Mateus 6:19 e 21
Temos vivido tempos diferentes, tempos modernos, tempos de evoluções tão grandes que mal podemos acompanhar. Mudam-se as épocas, os costumes, as tendências, as gerações, e até a própria cultura de um povo vai se mudando. Mas Deus e sua Palavra não mudaram e jamais mudarão. Mas os homens mudam, adaptam-se à novos costumes, à novas tendências, à novas culturas e seguem a onda de novas gerações. Tenho pensado em como temos, no decorrer do tempo e da história, tentado mudar alguns valores do cristianismo, ou mesmo agregar outros valores, talvez algumas coisas que temos deixado pra traz por conta das tais mudanças no decorrer dos tempos e da história da humanidade.
Temos trocado muitas vezes a missão pela ambição, o amor ao próximo pelo bem estar próprio, temos trocado o servir pelo querer ser servido, temos trocado o aprendizado do ‘estar contente em toda e qualquer situação’ pelo murmúrio, pela insatisfação com o que temos e pela corrida desenfreada para termos sempre mais, e às vezes mais do que precisamos. O mundo em que vivemos é desigual; é um mundo onde poucos tem muito, e muitos, a grande maioria, tem muito pouco ou quase nada e muitos apenas observam os que tem aumentarem cada vez mais o que tem. É o mundo dos interesses próprios, das politicagens, das maracutaias, das corrupções... Estamos vivendo uma época em que cada um procura se dar bem, muito embora, isso só aconteça com uma pequena minoria, estabelecendo assim uma desigualdade enorme em todas as áreas da vida humana, onde valores são invertidos, mudados, esquecidos ou até criados. O cristianismo que possui valores imutáveis estabelecidos pelo próprio Deus em sua Palavra, deve ser e fazer diferença. É preciso retornarmos a esses valores bíblicos para podermos, como cristãos sermos e fazermos diferença.
Quando Jesus disse “não acumuleis para vós outros tesouros na terra”, ele estava tocando exatamente naquilo em que o homem pode se segurar, se apoiar, confiar; seus tesouros. O grande problema na visão de Jesus, é a escala de valores. O que realmente tem valor para o ser humano, na visão de Jesus, não são os tesouros acumulados na terra, mas os ajuntados no céu, por que os tesouros da terra são temporais, não duram para sempre, somem, são consumidos pela ferrugem, pela traça e pelos ladrões; mas os tesouros ajuntados no céu são eternos, pois lá não há nada disso. Quando um homem ajunta tesouros, ele fatalmente coloca o seu coração neles. ( “porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.” Mt 6:21) Jesus deixa claro que só é possível ajuntar tesouro em um único lugar; no céu ou na terra; ou colocamos o coração nos tesouros no céu ou nos tesouros da terra, por isso Jesus diz: Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra” “ajuntai para vós outros tesouros no céu,” e ainda; “Não podeis servir a Deus e às riquezas.” Jesus não está condenando o ter riquezas, mas o fazer disso o bem maior, a segurança, depositar a confiança e acima de tudo, ser isso o que realmente se valoriza, além do perigo de tornar-se servo das riquezas. Qual é o valor dado aos bens materiais ou aquilo que conquistamos e possuímos na terra? Toda a preocupação de Jesus quando fala: “não acumuleis para vós outros tesouros na terra” é por três razões fundamentais. 1º à A facilidade do ser humano em colocar a confiança, a segurança, a dependência e o coração nos bens, ou nos tesouros terrenos, o que leva-o à frustrações e decepções e um dia a descoberta de que nada disso pode trazer segurança ou mesmo felicidade. Em 2º lugar A tendência do ser humano a uma ganância ambiciosa, que deseja sempre mais e jamais se farta, e por isso também tende a escravizar-se e acumular frustrações e sofrimentos. E em 3º lugar: Para que o ser humano não valorize mais aquilo que é temporal, tornando-se servo disso, em detrimento do eterno.
No ensino de Jesus, ele deixa claro que o ser humano, querendo ou não, depende de Deus em tudo e para tudo. Por isso ele termina o sermão da montanha falando de ansiedade, e deixa claro em uma pergunta, em Mt 6:27 que ninguém pode acrescentar um côvado ao curso de sua vida. E ele também deixa isso claro quando fala ao homem que construiu grandes celeiros e ajuntou muitos bens para viver, que ele havia esquecido o principal, Deus. E em outras palavras, ele disse que não adiantaria toda a sua riqueza por que ele não poderia comprar a vida, ele não era Senhor da sua própria existência, e ele morreria e tudo que ele havia construído iria ficar, pois eram apenas tesouros terrenos, tão finitos quanto sua própria vida na terra. (Lc 12:16-21) Jesus está falando claramente que o que importa é ter vida, e vida não vem da ambição por riquezas, não vem da aparente segurança que os tesouros terrenos podem trazer. Vida vem de um relacionamento pessoal e profundo com Deus. Jesus disse: “O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.” João 10:10 Mas o que é ter vida abundante? É preciso olhar para as bem-aventuranças para descobrir que vida abundante, felicidade, na visão de Deus é completamente diferente da visão humana. Que os valores são outros completamente diferentes dos valores que o mundo tenta nos impor. É preciso olhar para a história para enxergar homens de Deus completamente desapegados de tesouros terrenos mas, “ricos para com Deus.” (Lc 12:21) Olhamos para História e encontramos Estevão entregando a vida nas mãos de Deus e testemunhando sua fé mesmo sendo apedrejado, clama por perdão para os seus algozes. Seu espírito é entregue em um momento tão cruel, mas ele demonstra uma serenidade absoluta, reflexo de uma confiança em Deus e nos valores celestiais. Encontramos Zaqueu descobrindo vida abundante em Jesus e não em suas riquezas; por isso ele decide que pode se desfazer de grande parte dos seus bens porque ele encontrara algo bem maior e mais valoroso, que era a paz no coração pela salvação encontrada em Jesus, e isso realmente tinha valor. Encontramos Paulo, um homem inteligente, sábio, bem relacionado com autoridades da época, com todas as chances de ser muito bem sucedido politicamente. Mas Paulo vive angustiado, perseguindo os cristãos e achando ser isso religiosamente correto. Até que ele tem um encontro com Jesus, tem sua vida completamente mudada, e passa a não mais se importar com nada, apenas em cumprir o seu ministério de anunciar as boas novas de salvação. (Atos 20:24 Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus.) No final de sua vida ele está preso, já velho, prestes a morrer, mas ele tem vida abundante, e escreve sua última carta, Filipenses, conhecida como a carta da alegria. Lembro também de um pastor brasileiro, Ex padre, José Manoel da Conceição, conhecido como o padre protestante. Ele se converteu e tornou-se um dos maiores evangelistas de sua época no Brasil. Numa época em que os meios de locomoção eram precários, ele andava longas distâncias montado em cavalos ou burros ou até mesmo a pé, para pregar o evangelho. Gastou sua vida fazendo isso. Um dia, já velho, uma família o encontrou aparentando estar fraco e doente, o levaram para casa, onde ele se alimentou, deitou-se, virou-se para a parede e adormeceu; com a serenidade de quem não tinha acumulado tesouro algum na terra mas tinha sim um grande tesouro no céu à sua espera, ele foi naquele dia ao encontro do Pai. Com certeza essa lista não se encerra aqui.
Paulo falando à Timóteo o instrui: “Exorta aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento; que pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir; que acumulem para si mesmos tesouros, sólido fundamento para o futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida.” (I Tm 6:17-19)
Ao refletirmos sobre nosso papel como cristãos, em um mundo e uma sociedade capitalista, materialista e desigual, precisamos nos perguntar se estamos vivendo para Deus, fundamentados em sua palavra ou estamos vivendo em função do mundo que tenta a todo custo nos impor valores completamente diferentes dos valores de Deus. Precisamos nos perguntar se conhecemos os valores de Deus, ou se por conta dos nossos interesses pessoais e humanos não temos deixado de nos aprofundarmos no conhecimento desses valores, ou mesmo se não temos nos deixado vencer ou sermos influenciados por muitos dos valores do mundo. Ou ainda, se não tem nos faltado a disposição e a coragem para assumirmos um cristianismo de entrega e dependência total e absoluta em Deus. Precisamos nos perguntar ainda, se enquanto corremos e nos preocupamos tanto conosco, não temos deixado de “chorar com os que choram” Romanos 12:15 “repartir o pão” Isaías 58:6-7 “visitar os órfãos e as viúvas” Tiago 1:27 ou ainda, se temos procurado com muito empenho cumprir o mandamento: “Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” Mateus 22:37,39 Precisamos nos perguntar ainda: O que temos feito como cristãos, para sermos e fazermos diferença diante de um mundo capitalista, materialista e desigual, que trata as pessoas como objetos, consumidores, onde cada um vale o que tem, ou na frieza das estatísticas quando não significam muito mais que números? Temos tratado a todos de igual modo? Cumprimentamos e tratamos as pessoas da mesma forma, independentemente de seu nível cultural, posição social, status e etc.? Temos lutado para que o mundo ao nosso redor seja mais justo, em relação a salários, moradias, alimentação e condições básicas de sobrevivência humana? Nos importamos mais com as pessoas, seus sentimentos, suas dores, seus dramas e sofrimentos do que com as coisas? Em um mundo onde há uma carência enorme de justiça, sensibilidade, verdade, honestidade e amor; em um mundo onde grandes riquezas estão nas mãos de poucos, e em grande parte adquirida de forma desonesta, mundo onde gasta-se quantias astronômicas para procurar sinais de existência de vida em outros planetas, enquanto vidas humanas aqui morrem de fome ou são assassinadas até mesmo no ventre; em um mundo em que muitos gastam quantias enormes com futilidades, vaidades e coisas completamente supérfluas, enquanto muitos dos seus semelhantes moram em condições subumanas; em um mundo onde vemos gente famosa e rica fazendo declarações de amor e gastando quantias enormes com animais de estimação, e que são capazes de passar um dia inteiro a chorar pela morte de tais animais, mas não são capazes de derramar uma lágrima por milhares de crianças abandonadas nas ruas, passando fome nos sertões brasileiros, morando em favelas e escravas das drogas e do tráfico, órfãs, ainda que seja de pais vivos, mutiladas física e psicologicamente pelas guerras, fruto do ódio e de mentes equivocadas e sem Deus; o cristianismo deve ser e fazer diferença. A questão não é se vai ou não resolver o problema do mundo, mas é cumprir a missão de ser ‘sal da terra e luz do mundo’ e cumprir o mandamento do amor. Jesus viveu entre ricos e pobres, mas ele mesmo viveu como pobre, (“Mas Jesus lhe respondeu: As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.” Mateus 8:20) para mostrar que a maior pobreza é espiritual; como também ensinou aos ricos que a maior riqueza não é material; mas acima de tudo Ele nos ensina que o evangelho nos torna iguais, estamos todos em condição de servos, pois Ele mesmo deu o exemplo. (Marcos 10:45 Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.) Só quando se tem um relacionamento profundo com Deus é que as satisfações do coração e os valores maiores, reais e verdadeiros serão encontrados. A lógica de Jesus é: “Mais bem-aventurado é dar que receber.” Atos 20:35 Portanto, nós podemos até querer termos uma vida confortável aqui, mas temos de ter cuidado para não alimentarmos em nosso coração pecados como: a ambição exagerada por bens materiais e o apego exagerado a esses bens, o egoísmo e a avareza que é idolatria, conforme Colossenses 3:5 e também o pecado da omissão, que pode ser cometido através de uma, as vezes, aparentemente simples, indiferença. (Tiago 4:17 “Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando.”) Essas coisas estão no lado oposto do amor, que ao invés de egoísta é altruísta; uma palavrinha tão importante e de significado tão profundo, mas muito fácil de ser esquecida, diante de um mundo tão competitivo, individualista, materialista e uma sociedade, na grande maioria hedonista, onde cada um está muito mais preocupado com o seu prazer, bem estar próprio a qualquer custo. Nós como cristãos precisamos ter cuidado para não perdermos a sensibilidade e o senso de humanidade e não nos tornarmos também indiferentes ao invés de diferentes. Precisamos assumir esse amor altruísta, seguindo o exemplo Divino. Deus deu o filho (Jo 3:16), e o Filho se deu em resgate de nós pecadores (I Tm 2:6)
Eu sei que o que realmente tem maior valor aqui na terra para Deus são as pessoas, pois foi por elas que Ele entregou seu único filho para morrer em uma cruz; e pra nós o que realmente deve ter valor são os valores de Deus e os tesouros no céu, e eles só serão conhecidos através de um relacionamento de amor a Deus e ao nosso próximo, seja ele quem for. É preciso intimidade com Deus para que possamos ter “a paz de Cristo como árbitro em nossos corações,” (Colossenses 3:15) e vivermos uma vida cristã sob a dependência e a direção total e absoluta de Deus e seu Espírito Santo, e usarmos aquilo que Deus nos deu para glorificá-lo e para ser benção em nossa vida e na vida de outros. Somos peregrinos aqui nessa terra, e por mais que tenhamos a possibilidade de desfrutar de boas coisas aqui, o melhor ainda estar por vir. Pois um dia estaremos frente a frente com o Rei e acontecerá o que diz em sua Palavra: Mateus 25:34-36 ...então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me.” O apostolo Paulo entendeu o ensino de Jesus, e disse: “Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.” 2 Coríntios 4:18 e Filipenses 1:23 “Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor.
Que Deus nos perdoe e nos ajude!
wanderley tome de freitas - servo do Deus vivo (20/03/02)
wanderleytome@ig.com.br