“Então, Pedro saindo dali, chorou amargamente.”
Lucas 22:62
Ser humano, máquina complexa,
mistura bem feita, eterno mistério. Quem será capaz de descrever o ser humano
com perfeição? Quem se arriscará a descobrir seus segredos todos? Quem poderá
desvendar os seus mistérios? Quem conseguirá prever suas ações com precisão? É
claro que todas essas perguntas possuem a mesma resposta; ser humano nenhum! O
único capaz de fazer tudo isso é quem o criou, Deus. Somos um conjunto de
coisas, formados de corpo e alma; seres racionais com sensibilidade e capacidade
de pensar e fazer. Somos equipados de mecanismos com funções muito bem
definidas. Esses mecanismos são disparados por acontecimentos, fatos ou
simplesmente como respostas a estímulos. Eles são tantos que certamente muitos
ainda são mistério. Hoje quero falar de um que é chamado de mecanismo de
compensação psicológica. Muito provavelmente, ele já foi disparado em você
algumas vezes, mesmo que você nem o tenha percebido ou definido assim. Talvez você
já o presenciou sendo disparado em
alguém de forma muito automática. O que chamo de mecanismo de compensação psicológica
é a reação natural, mas nem sempre correta que temos de tentar compensar um
erro cometido, ou vários, ou falhas de caráter. É uma reação automática e às
vezes imperceptível por quem a tem. Não sei se você já teve a oportunidade de
ver alguém sendo multado por velocidade, por um radar móvel ou fixo. Eu já tive
algumas. Automaticamente ele diminui a velocidade, numa tentativa de tentar
compensar o fato, mesmo que lá no fundo saiba que não resolve. Ou alguém que
tem atitudes de misericórdia com alguém numa tentativa de aplacar as suas
próprias culpas; ou alguém que de alguma forma começa a agir de maneira
diferente e fazer coisas dentro de um comportamento não muito natural;
compensação psicológica. Pedro que havia chorado amargamente estava muito decepcionado
consigo mesmo, frustrado por não ter tido a coragem que dissera que teria. Depois
de ter negado Jesus por três vezes, o galo cantou a terceira vez; quando Jesus
olhou pra ele, então lembrou-se das palavras do mestre (Lucas 22:61.) Pela besteira
que fizera, saiu dali e chorou amargamente. No episódio do encontro de Pedro
com Jesus, narrado em João 21, Pedro aparece pescando; precisava fazer alguma
coisa. Aí,Jesus apareceu na praia. Quando João disse que era Jesus que estava
na praia, Pedro pulou do barco e foi ao encontro dele. Jesus pediu uns peixes.
Pedro volta para o barco e arrasta sozinho para a praia a rede com 153 grandes
peixes. (V.11) Isso é mecanismo de compensação psicológica. O problema é que a
maioria, se não todas essas reações são tentativas frustradas de resolver
problemas com a consciência. Não são as lágrimas e nem atitudes e gestos de
bondade e misericórdia, às vezes até indevidos; ou mesmo sair fazendo muitas coisas,
que nos libertará da culpa ou do caminho errado que tomamos, e sim a verdade
dita e ouvida de forma muito clara e assumida com muita humildade. Jesus que
sabia muito bem disso, com certeza viu isso nas atitudes de Pedro. Logo chamou Pedro
pra dizer a ele o que deveria fazer. A história do resto da vida de Pedro mostra
que ele aprendera a lição.
Compensação psicológica é pra quem
não quer se arrepender de fato e nem sempre quer parar de fazer o que faz. Arrependimento
é pra quem quer mudar de atitude e mais do que fazer pra compensar, quer fazer o
que deve e o que é certo.
A verdade liberta, as lágrimas
não.
Por isso, acredite em quem for
capaz de ouvir a verdade e aceitá-la como meio de libertação, e duvide de quem
apenas chora. O choro pode ser uma manifestação de arrependimento, mas são as
atitudes que mostram de verdade se ele realmente aconteceu.
wanderley t f 15/03/12