Uma antiga canção do grupo Rebanhão,
chamada “Salas de jantar”, na primeira estrofe dizia assim:
“As salas de jantar estão vazias
Os quartos coloridos estão desertos
A poesia que fala que as flores iam crescer
Estão amarrotadas, abandonadas no bolso dos poetas...
As notícias dos jornais só falam em morte
Morte! Morte! Morte!”
Os quartos coloridos estão desertos
A poesia que fala que as flores iam crescer
Estão amarrotadas, abandonadas no bolso dos poetas...
As notícias dos jornais só falam em morte
Morte! Morte! Morte!”
Essa música deve ser da década de 80;
hoje os jornais não falam só em morte, mas muitas outras coisas terríveis.
Quase não há mais notícia boa. Há tanta sujeira, tanta corrupção, mudanças tão
radicais no comportamento do ser humano, que ficamos cada vez mais
impressionados e nos perguntando: aonde chegarão os homens com suas mudanças
absurdas? Fato é que são muitas coisas que se acumulam e produzem em nós
cansaço. Além dessas que já citei; a vida corrida, as rotinas, as aglomerações,
o trânsito cada vez pior, a insegurança, a corrida desenfreada das pessoas em
busca de dinheiro, a super valorização do ter em detrimento do ser; a busca
pelo prazer a qualquer custo, a qualquer preço; o ensino, a busca do
conhecimento, a corrida louca pelo saber e a incapacidade disso produzir nas
pessoas princípios tão básicos como: educação de verdade e ética, tornando-as
mais humanas e conscientes dos seus direitos e deveres, e também dos direitos
dos outros; não apenas seus semelhantes, mas também a natureza que os cerca...
...isso também nos cansa. Cansamos de correr, de brigar, de dirigir, de
concordar, de discordar, de lutar contra, ou a favor, de nos defender, de
ensinar, de ver o erro se proliferar numa velocidade muito maior que o combate
dele; cansamos dos religiosos que negociam a fé e abusam nos apelos por
dinheiro, vendendo promessas retiradas de mentes gananciosas. Cansamos das
injustiças e impunidades, cansamos das desculpas esfarrapadas e mentiras
deslavadas dos que parecem pensar que todo mundo é doido, idiota ou ignorante.
Cansamos das aparências sem essências, e da falta de transparência no que
tentam esconder do que pagamos pra ver. Cansamos das cobranças, dos
impostos, da carga tributária imposta sobre nós com retorno de proporção
sempre inferior. Cansamos das promessas “compridas” para se eleger e logo
esquecidas e não cumpridas depois que eleito foi. Cansamos da desvalorização da
vida, das manipulações de quem manda, da felicidade incompleta, pela metade, em
banda; como diz a canção: “vida de gado” ...vida de boi. Gente feito massa de
manobra, se contorcendo como cobra pra sobreviver, enquanto elegem políticos
cada vez mais ricos que se perpetuam no poder e zombam do povo que os emprega;
e contra eles nada sabe ou consegue fazer. Isso cansa a gente. De repente, nos
vemos cansados e nos sentimos só, como que no meio de um deserto lutando pra
sobreviver e tentando ser feliz apesar de tudo. Mas as frustrações, as
decepções são tantas e tão grandes que parece que realmente o que nos resta é
apenas correr, alcançar qualquer coisa, continuar a correr, cansar, e depois
morrer e descansar.
Diante disso
e de mais um tanto de coisas que poderia citar, posso dizer que nos cansamos
mesmo. É legitimo nosso cansar. É quase verdade a frase que escrevi dias antes
por puro reflexo do cansaço; “Um dia a gente corre, alcança, corre, cansa,
morre... ...descansa.” Mas a vida não é
só isso. Há algo que muda totalmente essa idéia. Eu escrevi essa ultima frase e
ela ficou na minha mente como reflexão, porque de alguma forma eu me recusava a
acreditar que ela definia a vida. Mas o cansaço continuava, e a frase também.
Numa bela manhã, enquanto dirigia mais uma vez no trânsito louco de cidade
grande, me veio á mente o texto de Isaias 40: 28-31
28 Não sabes, não
ouvistes que o eterno Deus, o SENHOR, o Criador dos fins da terra, nem se
cansa, nem se fatiga? Não se pode esquadrinhar o seu entendimento.
29 Faz forte ao cansado e multiplica as forças ao que não tem nenhum
vigor.
30 Os jovens se cansam e se fatigam, e os moços de exaustos caem,
31 mas os que esperam no SENHOR renovam as suas forças, sobem com asas
como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam.
Meu coração então foi invadido por um conforto enorme. Mesmo diante de
tudo que pode me cansar, e da realidade do fato de que cansar é legitimo, eu
lembrei de que minhas forças podem ser renovadas em Deus. Lembrei que esperar
em Deus é o que eu preciso para ter as forças renovadas a cada vez que me
cansar. Diante disso eu sei que meu cansaço pode até existir, mas será por
breve tempo, pois eu posso esperar em Deus e renovar minhas forças Nele.
Lembrei-me de Josué e Calebe (Números 13) dois dos doze espias que foram espiar
a terra prometida e quando voltaram eram os únicos que achavam que poderiam
vencer os gigantes e tomar a terra que era deles por direito Divino. Depois de
quarenta anos no deserto, Josué entra na terra prometida liderando o povo, e
Calebe, que havia recebido a promessa aos 40 anos de idade, agora com 85 anos
ainda tem coragem o suficiente para pedir um monte onde habitavam gigantes. Ele,
apesar dos quarenta anos no deserto com um povo murmurador e rebelde, ainda tem
forças para lutar e conquistar aquela montanha cheia de gigantes. (Josué 12)
Forças renovadas em Deus.
Diante disso é que podemos até cansar, mas permanecermos cansados não!
Assim como Calebe, temos Deus e suas promessas. Precisamos continuar
acreditando e dispostos a lutar, ainda que tudo que nos cerca sejam como que
gigantes que nos exaurem, nos tiram as forças e ás vezes até as perspectivas de
mudanças. Precisamos retornar para Deus e suas promessas e renovar nossas
forças sempre. Wanderley tf 04/03/15