“Confiança é igual vidro; quebrou, não tem volta”
Não sei exatamente quem disse isso pela primeira vez, mas
vejo essa afirmação compartilhada nas redes sociais algumas vezes. A última vez
que vi senti-me mesmo desafiado a pensar e escrever um pouco sobre esse
assunto; que não me parece definido nessa frase.
Confiar é acreditar, é crer, é ter a segurança na
fidelidade de uma trajetória, sem desvios, sem atalhos, sem paradas, sem
mentiras, sem invenções e falsidades. Confiar é ter como verdadeiro o que se
ouve; é entregar-se sem reservas na certeza da proteção, da cumplicidade.
Confiar é deixar livre; não porque não haja possibilidade de perda, mas por que
quem prende, não confia... ...Mas isso é confiar, e a nossa questão é a quebra
da confiança e o retorno a ela. Será possível? Será que podemos acreditar na
afirmação da frase acima? Confiança é mesmo como vidro, e tal como ele não
volta mais a ser como era depois de quebrada? É fato que não há uma absoluta
certeza de que não seremos decepcionados quando confiamos em alguém. Em se
tratando de ser humano, essa é sempre uma possibilidade. Quem pode ter certeza
da atitude de alguém diante de algumas circunstâncias? Nem nós mesmos podemos
prever com exatidão nossas reações diante de qualquer situação. Além disso, nem
todos reagem ou se comportam da mesma forma diante de algumas situações. Nem
todos possuem a mesma resistência para permanecerem firmes e fiéis, haja o que
houver. É certo que é preciso sempre tomar atitudes preventivas, cercar-se de
cuidados para proteger-se da vulnerabilidade. Mas se não fez isso? E se o que
fez não foi o bastante? E quem sabe o quanto é o bastante? E quem pode dizer
que está totalmente preparado para toda e qualquer situação? Diante disso,
qualquer um de nós está sujeito a quebrar a confiança que alguém depositou em
nós. O mais importante nisso, é lembrar sempre que não impomos confiança;
conquistamos. Penso que confiança é como um prédio alto, sólido, firme; que ás
vezes foi construído muito rapidamente e ás vezes por um longo período. E às
vezes quebrar a confiança é como implodir esse prédio e reduzir a pó, com uma
atitude e em tempo infinitamente inferior ao que se levou para construir. E
agora, é possível confiar outra vez como antes? É preciso reconstruir o prédio.
Certamente levará mais tempo que antes. A estrutura desse prédio com certeza
será outra. Os cuidados e as atitudes preventivas exigidas serão muito maiores
agora... ...até que um dia seja possível confiar outra vez. Então, tal como as
cidades destruídas por catástrofes naturais, erguidas depois e habitadas
novamente, a confiança também pode ser restaurada; dependerá muito, basicamente
de duas coisas fundamentais: vontade e investimento; ou seja; quanto se quer e
quanto se investe nisso. Portanto, não acho que o vidro seja o melhor exemplo
comparativo de confiança, pois para mim, se o vidro depois de quebrado não
volta mais a ser como era; no caso da confiança quebrada, às vezes, pelo preço
pago e as lições retiradas no ato falho, a mudança pode ser tão profunda e absoluta
que não só tudo pode voltar a ser como era como poderá ser ainda melhor.
Cidades reconstruídas depois de terremotos por exemplo, receberam sistemas
preventivos complexos para se protegerem de outros possíveis; ou seja: são
muito mais seguras agora. E eu até poderia citar exemplos de humanos
recuperados de falhas de caráter, de inúmeras quebras de confiança, mas vou
deixar que você os descubra; ou quem sabe eu citarei alguns depois. Finalmente;
é preciso confiar em alguém, é possível voltar a confiar depois de uma quebra
de confiança, mas cada caso é um caso porque cada ser humano é único, e prever
ações, reações e atitudes, nem sempre será possível. Wanderley tf 02/11/15