Sábado, 04/12/10, aproximadamente 06:45 da manhã vinha eu dirigindo na BR 116 na faixa da esquerda rumo ao Centro de Fortaleza-Ce, quando percebi o sinal de luz insistente de um carro que vinha rápido atrás de mim. Imediatamente fui para a faixa da direita, mas resolvi fazer um teste para ver até que ponto ele chegaria para ultrapassar. Acelerei e passei dos 120 km por hora, mas fui mesmo ultrapassado. Chamou-me a atenção a frase escrita no pára-brisa traseiro: “Esse foi Deus que me deu”, Imediatamente, como um click instantâneo me veio a pergunta. Deus deu pra que? Deus deu esse carro pra ele correr assim? ...e outras perguntas me vieram á mente. Primeiro acho que cada um precisa analisar se realmente foi Deus quem deu. Pois um dia desses, duas garotas que se prostituem por dinheiro, conversavam dentro do táxi quando uma delas disse que Deus a abençoou e ela fez dois programas naquela noite.
Diante disso ficam as perguntas: O que e pra que Deus realmente me deu? E eu sei que Deus não deu dois programas para aquela moça, mas Deus deu a ela um corpo e não foi para usá-lo assim como faz. E se a gente começasse a se perguntar; o que Deus me deu? Dinheiro, carro, casa, dons, talentos, família, filhos, amigos, tempo, trabalho... e pra que? Acredito que se perguntássemos isso evitaríamos fazer ou deixar de fazer muitas coisas com aquilo que Deus realmente nos deu. Aliás, tenho visto cada vez mais essa frase: “Esse foi Deus que me deu” no pára-brisa dos veículos. Também fico pensando por que as pessoas tem colocado isso apenas neles, nos veículos. Será como expressão de gratidão pública mesmo, ou existe algum outro motivo? Como por exemplo, amenizar a intenção dos ladrões para que sensibilizados não roubem um presente de Deus... Não sei! E por que não escrevem no muro de suas casas também? E por que não declaram publicamente que a TV, o computador ou seja lá o que for, foi também Deus quem deu? Penso que a religião sempre leva as pessoas a perguntarem o que podem fazer; enquanto no cristianismo baseado em um relacionamento íntimo com Deus, a pergunta é: o que devo fazer com o que Deus me deu? Por que se estivermos em sintonia com Deus, fazendo o que devemos fazer, certamente estaremos muito mais sensíveis para descobrirmos o que não podemos fazer. Isso aconteceu em Mateus 25:14-28 na parábola dos talentos, quando aquele que recebera apenas um talento pensou no que não poderia fazer e disse: 24... Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste;
25 E, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu.
Ele apenas pensou no que não poderia fazer, e a conclusão que chegou é que não poderia arriscar investindo o único talento que recebera. Mas ele não pensou no que poderia ou deveria fazer. Corremos o mesmo risco se não perguntarmos o que e pra que Deus nos deu. Quantas vezes enterramos o que deveríamos estar investindo e fazendo render. Ás vezes a gente pode até pensar como aquele homem e achar que não temos muito, que o que temos é insignificante... Mas é impressionantemente incrível o que Deus pode fazer com seja lá que tanto ou tamanho do que temos ou somos. Deus espera apenas que a gente se submeta a Ele e se disponha a fazer, ser ou ir. O que Deus espera é que a gente use o que Ele nos deu para o bem. É claro que isso inclui usar para nosso próprio bem também; o problema é que muitas vezes acabamos egoísticamente usando mais ou quase tudo a nosso favor. Quantas vezes gastamos muito tempo em entretenimentos e diversões que não levam a nada, não contribuem nada para nos tornarmos pessoas melhores e muito menos contribui com o outro... E por que não dizer que algumas das diversões e entretenimentos de muitos, levam alguns á dependência e até a alienação da vida real. Sem falar do tempo investido, da inteligência, e ás vezes de quantias em dinheiro que certamente fariam alguma diferença na vida de alguém. Quanto gasto em supérfluo, quanto desperdício poderia ser evitado e canalizado para ajudar alguém... Quanto de tudo que recebemos de Deus, realmente tem sido usado para o fim que recebemos? Quanto de mim, do que sou ou do que tenho, que Deus me deu, tenho usado para aquilo que realmente Deus me deu? Isso é apenas parte do que poderíamos pensar e dizer sobre o assunto, mas a reflexão é necessária, para que a gente não tenha de se envergonhar em uma futura prestação de contas diante do todo poderoso Deus que tem nos dado tanto. Pensar nisso é necessário apenas em último caso, por que é bem melhor pensar antes e primeiro no quanto é recompensador colocar-se á disposição de Deus, com tudo que tem e é, para abençoar a tantos quantos possíveis. Portanto, pare e pense: O que e para que Deus me deu? Pense agora, amanhã, todo dia, sempre... E que Deus nos ajude a usar o que nos deu com sabedoria.
Fortaleza-ce 20/01/11 wanderleytf@gmail.com