Marcos 4:35-41
Ainda quando criança, aprendi um cântico que começava assim: “Vede, cautelosamente vai, o barquinho a vagar, e o vento que é o seu motor, não o deixará parar...” Um dia desses atrás, comecei a lembrar de um fato que me ocorrera já a algum tempo, quando estávamos servindo a Deus numa pequena igreja, em uma cidadezinha do interior do Mato Grosso, chamada Acorizal, localizada às margens do Rio Cuiabá. Por vezes tínhamos de atravessar o rio de balsa, e às vezes de canoa. Fazíamos isso sempre que precisávamos visitar alguém que morava do outro lado do rio. Um dia, porém, chegamos à beira do rio, e não havia ninguém pra nos transportar para o outro lado. O Rio estava cheio, era período de chuva naquele lugar. Estava eu e minha esposa ali e precisávamos atravessar. Resolvi eu mesmo conduzir a canoa. Eu não tinha medo daquele rio, pois até atravessava-o nadando; mas Rosana, minha esposa, não arriscava ir muito além da margem, pois nem mesmo sabia nadar. Confiante em mim ela entrou na canoa. Comecei a remar. Confesso que me sobrava coragem mas faltava-me a prática. Estávamos indo bem até a metade do rio, quando inexplicavelmente pra nós, naquele momento, naquele lugar, no meio do rio, a canoa começou a girar; e parece que remar não adiantava muito, ela insistia em girar e girar. Como sempre fui mais tranqüilo em situações assim, e por ter um espírito mais aventureiro e, lógico, saber nadar; eu ria da situação, enquanto ela segurava-se mais firme na canoa e fazia apelos quase já desesperados para que eu resolvesse aquele problema. Eu pensava que em algum momento sairíamos dali; mesmo que a canoa virasse, ainda assim, poderia sair nadando com ela e chegar em algum lugar da margem. Mas, depois de alguns giros no meio do rio, e continuando a remar, saímos dali e chegamos à outra margem.
Interessante como relembrar esse fato anos mais tarde, levou-me inevitavelmente a pensar no cântico de infância que nunca esqueci e no episódio onde Jesus, muito cansado, dorme no barco sacudido pelos ventos. Não quero fazer comparações com a pessoa de Jesus e eu, apenas com o fato; e isso, guardando as devidas proporções, é claro.
Os discípulos encontravam-se diante de uma situação muito difícil. Já não tinham mais forças para lutar contra a tempestade que atingia o barco em que estavam. Usaram a força, a prática, a experiência; fizeram tudo que sabiam sobre navegação. Viram a morte tornar-se uma possibilidade real e próxima. Esgotaram-se os recursos humanos e o barco estava a mercê da tempestade. Então eles se lembraram de Jesus. Acordaram o mestre. Tão cansado estava que nem mesmo o chacoalhar do barco, provocado pela tempestade, fora capaz de acordá-lo. Despertado do seu sono, repreendeu a tempestade, o vento parou e o mar acalmou-se. Nem consigo imaginar com precisão a sensação que aqueles homens tiveram quando o vento e o mar obedeceram a Jesus. Mas tenho certeza que jamais foram os mesmos depois daquela experiência. Certamente aprenderam que é muito melhor ter Jesus sempre por perto. Que a força, a experiência, os anos de prática e conhecimentos acumulados; é poder humano, falho, imperfeito, incompleto insuficiente.
Metaforicamente falando, precisamos dar a Deus a direção e navegarmos no mar da vida sob a dependência total e absoluta daquele que “até o mar e vento lhe obedecem”. A continuação do cântico que falei no princípio diz assim: Minha vida é assim também, não vivo no mar, mas vivo a vagar. Sou como um barquinho cruzador, mas quem me conduz é o Senhor.” Navegue, viva; mas mantenha-se o mais próximo possível de Jesus, disso depende a sua vida.
Fortaleza 09/08/08 wanderley tome de freitas – servo do Deus Vivo!
wanderleytome@ibest.com.br
2 comentários:
OK! Li pelos seguintes motivos: sou natural de Acorizal, protestante,...
A Paz do Senhor, Irmão. Obrigada pela inspiradora mensagem...hoje mesmo vinha comversando com o meu marido no carro sobre dependência de Deus. Foi providencial essa leitura. Graça e Paz a você e Rosana.
Cintia Leão
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