domingo, 13 de julho de 2008

CORAÇÃO E TESOUROS, MUDANÇA SIM, SEPARAÇÃO IMPOSSÍVEL!

Não acumuleis para vós tesouros na terra” “...porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.” Mateus 6:19 e 21
Temos vivido tempos diferentes, tempos modernos, tempos de evoluções tão grandes que mal podemos acompanhar. Mudam-se as épocas, os costumes, as tendências, as gerações, e até a própria cultura de um povo vai se mudando. Mas Deus e sua Palavra não mudaram e jamais mudarão. Mas os homens mudam, adaptam-se à novos costumes, à novas tendências, à novas culturas e seguem a onda de novas gerações. Tenho pensado em como temos, no decorrer do tempo e da história, tentado mudar alguns valores do cristianismo, ou mesmo agregar outros valores, talvez algumas coisas que temos deixado pra traz por conta das tais mudanças no decorrer dos tempos e da história da humanidade.
Temos trocado muitas vezes a missão pela ambição, o amor ao próximo pelo bem estar próprio, temos trocado o servir pelo querer ser servido, temos trocado o aprendizado do ‘estar contente em toda e qualquer situação’ pelo murmúrio, pela insatisfação com o que temos e pela corrida desenfreada para termos sempre mais, e às vezes mais do que precisamos. O mundo em que vivemos é desigual; é um mundo onde poucos tem muito, e muitos, a grande maioria, tem muito pouco ou quase nada e muitos apenas observam os que tem aumentarem cada vez mais o que tem. É o mundo dos interesses próprios, das politicagens, das maracutaias, das corrupções... Estamos vivendo uma época em que cada um procura se dar bem, muito embora, isso só aconteça com uma pequena minoria, estabelecendo assim uma desigualdade enorme em todas as áreas da vida humana, onde valores são invertidos, mudados, esquecidos ou até criados. O cristianismo que possui valores imutáveis estabelecidos pelo próprio Deus em sua Palavra, deve ser e fazer diferença. É preciso retornarmos a esses valores bíblicos para podermos, como cristãos sermos e fazermos diferença.
Quando Jesus disse “não acumuleis para vós outros tesouros na terra”, ele estava tocando exatamente naquilo em que o homem pode se segurar, se apoiar, confiar; seus tesouros. O grande problema na visão de Jesus, é a escala de valores. O que realmente tem valor para o ser humano, na visão de Jesus, não são os tesouros acumulados na terra, mas os ajuntados no céu, por que os tesouros da terra são temporais, não duram para sempre, somem, são consumidos pela ferrugem, pela traça e pelos ladrões; mas os tesouros ajuntados no céu são eternos, pois lá não há nada disso. Quando um homem ajunta tesouros, ele fatalmente coloca o seu coração neles. ( “porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.” Mt 6:21) Jesus deixa claro que só é possível ajuntar tesouro em um único lugar; no céu ou na terra; ou colocamos o coração nos tesouros no céu ou nos tesouros da terra, por isso Jesus diz: Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra” “ajuntai para vós outros tesouros no céu,” e ainda; “Não podeis servir a Deus e às riquezas.” Jesus não está condenando o ter riquezas, mas o fazer disso o bem maior, a segurança, depositar a confiança e acima de tudo, ser isso o que realmente se valoriza, além do perigo de tornar-se servo das riquezas. Qual é o valor dado aos bens materiais ou aquilo que conquistamos e possuímos na terra? Toda a preocupação de Jesus quando fala: “não acumuleis para vós outros tesouros na terra” é por três razões fundamentais. 1º à A facilidade do ser humano em colocar a confiança, a segurança, a dependência e o coração nos bens, ou nos tesouros terrenos, o que leva-o à frustrações e decepções e um dia a descoberta de que nada disso pode trazer segurança ou mesmo felicidade. Em 2º lugar A tendência do ser humano a uma ganância ambiciosa, que deseja sempre mais e jamais se farta, e por isso também tende a escravizar-se e acumular frustrações e sofrimentos. E em 3º lugar: Para que o ser humano não valorize mais aquilo que é temporal, tornando-se servo disso, em detrimento do eterno.
No ensino de Jesus, ele deixa claro que o ser humano, querendo ou não, depende de Deus em tudo e para tudo. Por isso ele termina o sermão da montanha falando de ansiedade, e deixa claro em uma pergunta, em Mt 6:27 que ninguém pode acrescentar um côvado ao curso de sua vida. E ele também deixa isso claro quando fala ao homem que construiu grandes celeiros e ajuntou muitos bens para viver, que ele havia esquecido o principal, Deus. E em outras palavras, ele disse que não adiantaria toda a sua riqueza por que ele não poderia comprar a vida, ele não era Senhor da sua própria existência, e ele morreria e tudo que ele havia construído iria ficar, pois eram apenas tesouros terrenos, tão finitos quanto sua própria vida na terra. (Lc 12:16-21) Jesus está falando claramente que o que importa é ter vida, e vida não vem da ambição por riquezas, não vem da aparente segurança que os tesouros terrenos podem trazer. Vida vem de um relacionamento pessoal e profundo com Deus. Jesus disse: “O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.” João 10:10 Mas o que é ter vida abundante? É preciso olhar para as bem-aventuranças para descobrir que vida abundante, felicidade, na visão de Deus é completamente diferente da visão humana. Que os valores são outros completamente diferentes dos valores que o mundo tenta nos impor. É preciso olhar para a história para enxergar homens de Deus completamente desapegados de tesouros terrenos mas, “ricos para com Deus.” (Lc 12:21) Olhamos para História e encontramos Estevão entregando a vida nas mãos de Deus e testemunhando sua fé mesmo sendo apedrejado, clama por perdão para os seus algozes. Seu espírito é entregue em um momento tão cruel, mas ele demonstra uma serenidade absoluta, reflexo de uma confiança em Deus e nos valores celestiais. Encontramos Zaqueu descobrindo vida abundante em Jesus e não em suas riquezas; por isso ele decide que pode se desfazer de grande parte dos seus bens porque ele encontrara algo bem maior e mais valoroso, que era a paz no coração pela salvação encontrada em Jesus, e isso realmente tinha valor. Encontramos Paulo, um homem inteligente, sábio, bem relacionado com autoridades da época, com todas as chances de ser muito bem sucedido politicamente. Mas Paulo vive angustiado, perseguindo os cristãos e achando ser isso religiosamente correto. Até que ele tem um encontro com Jesus, tem sua vida completamente mudada, e passa a não mais se importar com nada, apenas em cumprir o seu ministério de anunciar as boas novas de salvação. (Atos 20:24 Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus.) No final de sua vida ele está preso, já velho, prestes a morrer, mas ele tem vida abundante, e escreve sua última carta, Filipenses, conhecida como a carta da alegria. Lembro também de um pastor brasileiro, Ex padre, José Manoel da Conceição, conhecido como o padre protestante. Ele se converteu e tornou-se um dos maiores evangelistas de sua época no Brasil. Numa época em que os meios de locomoção eram precários, ele andava longas distâncias montado em cavalos ou burros ou até mesmo a pé, para pregar o evangelho. Gastou sua vida fazendo isso. Um dia, já velho, uma família o encontrou aparentando estar fraco e doente, o levaram para casa, onde ele se alimentou, deitou-se, virou-se para a parede e adormeceu; com a serenidade de quem não tinha acumulado tesouro algum na terra mas tinha sim um grande tesouro no céu à sua espera, ele foi naquele dia ao encontro do Pai. Com certeza essa lista não se encerra aqui.
Paulo falando à Timóteo o instrui: “Exorta aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento; que pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir; que acumulem para si mesmos tesouros, sólido fundamento para o futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida.” (I Tm 6:17-19)
Ao refletirmos sobre nosso papel como cristãos, em um mundo e uma sociedade capitalista, materialista e desigual, precisamos nos perguntar se estamos vivendo para Deus, fundamentados em sua palavra ou estamos vivendo em função do mundo que tenta a todo custo nos impor valores completamente diferentes dos valores de Deus. Precisamos nos perguntar se conhecemos os valores de Deus, ou se por conta dos nossos interesses pessoais e humanos não temos deixado de nos aprofundarmos no conhecimento desses valores, ou mesmo se não temos nos deixado vencer ou sermos influenciados por muitos dos valores do mundo. Ou ainda, se não tem nos faltado a disposição e a coragem para assumirmos um cristianismo de entrega e dependência total e absoluta em Deus. Precisamos nos perguntar ainda, se enquanto corremos e nos preocupamos tanto conosco, não temos deixado de “chorar com os que choram” Romanos 12:15 “repartir o pão” Isaías 58:6-7 “visitar os órfãos e as viúvas” Tiago 1:27 ou ainda, se temos procurado com muito empenho cumprir o mandamento: “Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” Mateus 22:37,39 Precisamos nos perguntar ainda: O que temos feito como cristãos, para sermos e fazermos diferença diante de um mundo capitalista, materialista e desigual, que trata as pessoas como objetos, consumidores, onde cada um vale o que tem, ou na frieza das estatísticas quando não significam muito mais que números? Temos tratado a todos de igual modo? Cumprimentamos e tratamos as pessoas da mesma forma, independentemente de seu nível cultural, posição social, status e etc.? Temos lutado para que o mundo ao nosso redor seja mais justo, em relação a salários, moradias, alimentação e condições básicas de sobrevivência humana? Nos importamos mais com as pessoas, seus sentimentos, suas dores, seus dramas e sofrimentos do que com as coisas? Em um mundo onde há uma carência enorme de justiça, sensibilidade, verdade, honestidade e amor; em um mundo onde grandes riquezas estão nas mãos de poucos, e em grande parte adquirida de forma desonesta, mundo onde gasta-se quantias astronômicas para procurar sinais de existência de vida em outros planetas, enquanto vidas humanas aqui morrem de fome ou são assassinadas até mesmo no ventre; em um mundo em que muitos gastam quantias enormes com futilidades, vaidades e coisas completamente supérfluas, enquanto muitos dos seus semelhantes moram em condições subumanas; em um mundo onde vemos gente famosa e rica fazendo declarações de amor e gastando quantias enormes com animais de estimação, e que são capazes de passar um dia inteiro a chorar pela morte de tais animais, mas não são capazes de derramar uma lágrima por milhares de crianças abandonadas nas ruas, passando fome nos sertões brasileiros, morando em favelas e escravas das drogas e do tráfico, órfãs, ainda que seja de pais vivos, mutiladas física e psicologicamente pelas guerras, fruto do ódio e de mentes equivocadas e sem Deus; o cristianismo deve ser e fazer diferença. A questão não é se vai ou não resolver o problema do mundo, mas é cumprir a missão de ser ‘sal da terra e luz do mundo’ e cumprir o mandamento do amor. Jesus viveu entre ricos e pobres, mas ele mesmo viveu como pobre, (“Mas Jesus lhe respondeu: As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.” Mateus 8:20) para mostrar que a maior pobreza é espiritual; como também ensinou aos ricos que a maior riqueza não é material; mas acima de tudo Ele nos ensina que o evangelho nos torna iguais, estamos todos em condição de servos, pois Ele mesmo deu o exemplo. (Marcos 10:45 Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.) Só quando se tem um relacionamento profundo com Deus é que as satisfações do coração e os valores maiores, reais e verdadeiros serão encontrados. A lógica de Jesus é: “Mais bem-aventurado é dar que receber.” Atos 20:35 Portanto, nós podemos até querer termos uma vida confortável aqui, mas temos de ter cuidado para não alimentarmos em nosso coração pecados como: a ambição exagerada por bens materiais e o apego exagerado a esses bens, o egoísmo e a avareza que é idolatria, conforme Colossenses 3:5 e também o pecado da omissão, que pode ser cometido através de uma, as vezes, aparentemente simples, indiferença. (Tiago 4:17 “Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando.”) Essas coisas estão no lado oposto do amor, que ao invés de egoísta é altruísta; uma palavrinha tão importante e de significado tão profundo, mas muito fácil de ser esquecida, diante de um mundo tão competitivo, individualista, materialista e uma sociedade, na grande maioria hedonista, onde cada um está muito mais preocupado com o seu prazer, bem estar próprio a qualquer custo. Nós como cristãos precisamos ter cuidado para não perdermos a sensibilidade e o senso de humanidade e não nos tornarmos também indiferentes ao invés de diferentes. Precisamos assumir esse amor altruísta, seguindo o exemplo Divino. Deus deu o filho (Jo 3:16), e o Filho se deu em resgate de nós pecadores (I Tm 2:6)
Eu sei que o que realmente tem maior valor aqui na terra para Deus são as pessoas, pois foi por elas que Ele entregou seu único filho para morrer em uma cruz; e pra nós o que realmente deve ter valor são os valores de Deus e os tesouros no céu, e eles só serão conhecidos através de um relacionamento de amor a Deus e ao nosso próximo, seja ele quem for. É preciso intimidade com Deus para que possamos ter “a paz de Cristo como árbitro em nossos corações,” (Colossenses 3:15) e vivermos uma vida cristã sob a dependência e a direção total e absoluta de Deus e seu Espírito Santo, e usarmos aquilo que Deus nos deu para glorificá-lo e para ser benção em nossa vida e na vida de outros. Somos peregrinos aqui nessa terra, e por mais que tenhamos a possibilidade de desfrutar de boas coisas aqui, o melhor ainda estar por vir. Pois um dia estaremos frente a frente com o Rei e acontecerá o que diz em sua Palavra: Mateus 25:34-36 ...então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me.” O apostolo Paulo entendeu o ensino de Jesus, e disse: “Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.” 2 Coríntios 4:18 e Filipenses 1:23 “Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor.
Que Deus nos perdoe e nos ajude!
wanderley tome de freitas - servo do Deus vivo (20/03/02)
wanderleytome@ig.com.br

3 comentários:

SÁ MARCHETTI disse...

oi wanderley, gostei muito viu!
pode ter a certeza que vou sempre está por aqui lendo...e vou está passando para meus amigos também!!!
PARABÉNS!!!
QUE DEUS TE ABENÇOE SEMPRE!
até a proxima bjos
SABRINA

Anônimo disse...

é maravilhoso ler tudo isso.. que Deus te abençoe!

george ramos disse...

qual a sua opiniaão sobre o que aconteceu no Haiti?